O primeiro-ministro disse hoje partilhar das mesmas preocupações do Presidente da República em relação aos tempos difíceis que o país atravessa, mas considerou que o discurso de Cavaco Silva no dia da República além de «realista» foi também «motivador».
No final das cerimónias que assinalaram o 101.º aniversário da implantação da República, Passos Coelho insistiu em que Portugal pode vencer a crise «trabalhando mais» e aplicando-se «não apenas na execução do programa de assistência financeira», mas também «nas oportunidades para a economia».
Neste sentido, concretizou, «esta crise é também uma oportunidade para reinventar a actividade económica», criar «oportunidades de desenvolvimento» que levem à criação de emprego e desenvolver as condições para atrair investimento estrangeiro.
Passos Coelho acrescentou que, «deste ponto de vista», a intervenção do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que considerou que as crises são «oportunidades para fazer diferente e melhor», foi também «muito oportuna».
«Essas são as preocupações que todos temos. Parece-me que foram intervenções não apenas realistas mas também motivadoras no sentido em que nos mobilizam para a ação que temos de desenvolver», afirmou o primeiro-ministro.
Passos Coelho reiterou, em resposta a questões dos jornalistas, que «o que faz mexer a economia é o investimento», mas sublinhou, o investimento privado e, em especial, o investimento estrangeiro.
«O que nós sabemos do passado é que a atividade que muitas vezes foi desenvolvida na área empresarial pelo Estado, através das empresas públicas, criou um passivo maior, uma responsabilidade maior do que uma oportunidade. Portanto, precisamos é de atrair investimento e, nomeadamente, investimento externo, de modo a que possa ser uma oportunidade de crescimento para a economia», afirmou.
Assim, disse, a aposta está na criação de mais incentivos à atividade económica e ao investimento estrangeiro, «o que significa» que é preciso «acelerar o processo de privatizações», a «primeira oportunidade» que Portugal tem para fazer entrar capitais estrangeiros na Economia.
Depois, defendeu, segue-se a criação de «custos de contexto menores para a atividade económica, tratar melhor a reforma da justiça, criar mais flexibilidade no mercado de emprego. Tudo isso são condições importantes, as chamadas reformas estruturais, que são amigas do investimento e do crescimento».
«E é nessas que estamos a trabalhar», acrescentou.
O primeiro-ministro reafirmou que Portugal pode ser afetado por «eventos externos», nomeadamente pela situação da Grécia, pelo que tem de «trabalhar» para se preparar para «os tempos que aí vêm».
«Temos de trabalhar naquilo que está ao nosso alcance para preparar o melhor possível o nosso pais para os tempos que aí vêm. O que vai acontecer noutros países como a Grécia não depende de nós. Se as perspetivas negativas se vierem a concretizar temos de estar preparados. E a melhor maneira de nos prepararmos é perceber que ninguém faz o nosso trabalho na nossa vez», disse.
Também o líder parlamentar do CDS/PP, Nuno Magalhães, considerou que o discurso do Presidente da República foi «realista» ao apelar a uma poupança e a uma mudança de estilo de vida.