Economia

Atrasos nos pagamentos causam perda de 72 mil empregos, avança ACEGE

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A Associação Cristã de Empresários e Gestores diz que os atrasos nos pagamentos entre empresas agravaram-se nos últimos cinco anos, afectando o emprego e a economia.

«Os atrasos nos pagamentos/recebimentos provocam uma desaceleração efectiva nos ciclos de investimento e crescimento económico», sublinha o estudo "Compromisso de pagamento no prazo acordado - Uma cultura de pagamentos atempados", hoje divulgado no Porto.

Segundo o documento, enquanto que em 2006 a média dos prazos de pagamento/recebimento correspondia a 68 dias, em 2011, essa média aumentou para 80 dias, o que significa em termos acumulados mais 12 dias para por em ordem os pagamentos.

Trata-se de um agravamento que produz desde logo impactos na economia portuguesa, representando «um desvio de capital disponível da função investimento para a função de apoio à tesouraria» e «um travão aos ciclos de negócio».

O estudo sublinha que o aumento dos atrasos nos pagamentos funcionou como «um retardador da actividade económica e dos negócios» e um «elemento de quebra de confiança nas transacções entre empresas».

O resultado em termos acumulados globais de 2006 a 2011 traduzem-se em menos cerca de 72 mil empregos, na quebra de cerca 2,9 mil milhões de euros no Valor Acrescentado Bruto (VAB), correspondendo a dois por cento do PIB, e na diminuição de cerca 13,3 mil milhões de euros no Valor Bruto de Produção da economia.

Em termos anuais, os impactos cifram-se na diminuição de mais de 14 mil empregos, na redução de cerca de 600 milhões de euros na riqueza criada (0,4 por cento do PIB) e na quebra em termos de no Valor Bruto de Produção de cerca de 2,7 mil milhões de euros.

O estudo da ACEGE acrescenta, por isso, que a aplicação imediata da directiva europeia, segundo a qual os prazos de pagamento/recebimento não devem exceder os 60 dias, teria uma «forte repercussão» na economia portuguesa em apenas um ano.

Entre os impactos positivos destaca-se a criação de 120 mil postos de trabalho, aumento do VAB em 4,8 mil milhões de euros, representando 3,24 por cento do PIB, e a subida do Valor Bruto de Produção em 22 mil milhões de euros.