Perante a saída prevista de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) devido aos cortes orçamentais, a Ordem dos Médicos acusa o Executivo de políticas contraditórias.
O bastonário da Ordem dos Médicos fala em «medidas contraditórias do Governo, que vão provocar uma maior dificuldade do acesso dos doentes aos cuidados médicos, particularmente nos cuidados de saúde primários».
José Manuel Silva defendeu que «os médicos de família reformados poderiam provavelmente resolver o problema da falta de médicos de família para cerca de 700/800 mil cidadãos».
O bastonário admitiu que o problema de falta de médicos no serviço público até pode ser transitório, mas alertou que, a prazo, o aumento de vagas nas escolas de Medicina vai colocar problemas de colocação aos recém-formados.
«Prevê-se que no fim da década tenhamos cerca de 6000 médicos a mais no sistema», face ao «aumento sucessivo exagerado do numerus clausus e à concentração do SNS a que nós vamos assistir», avisou.
Segundo o responsável, em 2012 já não deverão existir «vagas de especialidade para todos os licenciados».
«Estamos a criar um desequilíbrio que vai ter repercussões em termos de especialistas daqui a poucos anos, mas que se começa já a verificar com jovens licenciados que irão ter dificuldade em conseguir um lugar para formação», reforçou.
As medidas contraditórias do Governo, insistiu, «criam dificuldades de acesso à formação de licenciados em Medicina» e simultaneamente problemas de acessibilidade dos «doentes a um médico, particularmente na medicina geral e familiar».