Preocupadas com as consequências da austeridade no funcionamento do SNS, cerca de setenta personalidades de vários quadrantes vão criar, esta quarta-feira, uma nova fundação.
Entre os subscritores do documento que cria a Fundação Serviço Nacional de Saúde estão quatro antigos ministros, dois do PS e dois de governos do PSD.
Paulo Mendo, Luis Filipe Pereira, Maria de Belém, Ana Jorge, o fundador do SNS, António Arnaut, e o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, são alguns dos exemplos.
Ouvido pela TSF, Constantino Sakellarides, um dos promotores desta fundação, avisou que o sector não aguenta cortes «demasiadamente drásticos» num espaço de tempo tão curto.
Este especialista em saúde pública fala numa «retracção de superior a dez por cento quer no decurso do ano de 2011 quer para o ano de 2012», o que significa «muita retracção para um sistema desta natureza», ainda por cima feita em dois anos.
«Fazer retrair um sistema que depende de decisões, comportamentos e percepções de um conjunto vasto de pessoas nas 24 horas do dia por todos os cantos do país é uma retracção muito difícil de conduzir. São retracções brutais, muito grandes em relação às quais o sistema adaptar-se rapidamente», explicou.
Constantino Sakellarides, também o coordenador do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, adiantou que a nova fundação vai propor que se procurem receitas extraordinárias «neste período crítico em que os orçamentos estão em retracção».
«Sem o apoio complementar, sem o apoio solidário, sem procurar de uma forma voluntária recolher recursos complementares será difícil conseguir que o SNS e os serviços públicos de uma forma geral não sofram de uma forma séria este período de retracção financeiro e económico», concluiu.