Os três maiores bancos privados portugueses tiveram, no conjunto, uma quebra dos lucros de mais de 60 por cento nos primeiros nove meses do ano.
Os resultados do terceiro trimestre dos três maiores bancos privados portugueses mostram que entre Julho e Setembro, BCP BES e BPI tiveram, no conjunto, um prejuízo global de 25 milhões de euros.
O BCP, liderado por Carlos Santos Ferreira, teve um resultado negativo de 29 milhões de euros. O banco decidiu, de forma voluntária, incluir no balanço mais de 100 milhões de euros, correspondentes ao haircut de 21 por cento dos títulos de dívida grega - na prática, a desvalorização do valor das obrigações.
A banca nacional está obrigada a contabilizar essa perda no cálculo do rácio de solidez Core Tier 1, que relaciona o capital próprio com os activos ponderados pelo risco (activos detidos pelo banco, ponderados por risco de crédito de acordo com critérios definidos pelo regulador).
Os bancos portugueses, por via do acordo com a troika, estão obrigados a atingir um rácio Core Tier 1 de nove por cento até ao final do ano.
Apesar de serem obrigados pelo Banco de Portugal a contabilizar as perdas relacionadas com a dívida grega no cálculo desse rácio, não têm de reflectir essa quebra nos resultados, uma vez que o prejuízo efectivo só acontece no final da maturidade dos títulos.
O BES, que não tem obrigações de Atenas, teve um resultado negativo de 18 milhões.
O BPI foi o único a apresentar lucros. O banco liderado por Fernando Ulrich teve um resultado de 22 milhões de euros, que podia ser bem pior se já tivesse incluído o corte da dívida grega nos resultados. Essa perda potencial só foi contabilizada no cálculo do rácio Core Tier 1.
Tudo somado, o prejuízo dos três bancos entre Julho e Setembro foi de quase 25 milhões de euros.
Já nos resultados dos primeiros nove meses a quebra foi de mais de 60 por cento dos lucros. Em 2010 os resultados do BCP, BES e BPI neste período aproximaram-se dos 770 milhões de euros, enquanto neste ano não chegaram aos 300 milhões.