Um relatório do Tribunal de Contas aponta várias falhas ao metro do Mondego, como custos muito acima do previsto e falta de sustentabilidade técnica do projecto.
Num relatório arrasador para o metro do Mondego, um projecto que ainda não saiu do papel, o Tribunal de Contas alerta que o investimento previsto é quase quatro vezes superior ao inicialmente estimado.
Já foram investidos quase 104 milhões de euros, 10 deles em estudos e projectos.
A Metro do Mondego, empresa que integra o sector empresarial do Estado, foi criada há quase 15 anos e o metro ainda não anda literalmente.
O Estado decidiu criar, em 1994, um sistema de metro ligeiro de superfície nos concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã sem qualquer sustentação que mostrasse a viabilidade técnica, económica e financeira do projecto, lê-se no relatório.
O primeiro estudo de viabilidade foi aprovado três anos depois e referia que o investimento necessário seria de 122,8 milhões de euros. Em Janeiro de 2011, a previsão aponta para um custo superior a 455 milhões.
Os técnicos do Tribunal de Contas concluem que o arrastamento na concretização prova que a construção do sistema de metro ligeiro de superfície do Mondego não tem sido, para os sucessivos governos, nem premente, nem fundamental, características que devem sempre justificar os investimentos públicos, isto é, a utilização do dinheiro dos contribuintes, sobretudo quando estes são escassos.
Um dos pontos deste relatório que é elucidativo do arrastar do processo do metro do Mondego refere que em 15 anos de existência passaram pela Metro do Mondego sete conselhos de administração e cinco presidentes executivos.
Apenas entre Setembro de 2000 e Dezembro de 2004 foram eleitos quatro conselhos de administração e três presidentes executivos.
No relatório é ainda referido o caso de dois dos gestores executivos da Metro do Mondego que utilizaram cartões de crédito da empresa para o pagamento de despesas pessoais.
Apesar desse dinheiro ter sido devolvido posteriormente pelos gestores, eles podem ser punidos pela atitude.