Em entrevista à TVI, o secretário-geral do PS revelou que vai pedir alterações ao programa de assistência financeira e insistiu que o Governo tem folga para recuar no corte de um subsídio.
O secretário-geral do PS revelou que já pediu um reunião com os representantes da troika, que estão desde segunda-feira em Lisboa para avaliarem a aplicação do programa de assistência financeira.
O pedido de audiência seguiu esta terça-feira, intermediado pelo próprio Governo. António José Seguro vai sugerir à troika um ajustamento nos prazos antes acordados.
«É muito importante para nós que sejam alteradas as condições em que se vai fazer o ajustamento em Portugal. Porque Portugal negociou num quadro pré-eleitoral» afirmou Seguro.
O secretário-geral do PS mantém que existe uma folga que permite poupar pelo menos um dos subsídios e até evitar a sobretaxa já antes anunciada pelo Governo.
António José Seguro fez as contas e diz que além da folga de 900 milhões existe outra de pelo menos 400 milhões de euros. «Essas folgas encontram-se na área de pessoal, na comissão que a troika cobra a Portugal pela assistência financeira que nos faz», referiu.
«Por exemplo, este ano a troika cobra de comissões a Portugal 335 milhões de euros, mas no próximo ano esse valor é de 211 milhões de euros, ora só aqui existe uma folga de 124 milhões de euros», exemplificou Seguro.
O líder do PS adiantou também que existe outra margem que resulta da redução dos juros que Portugal tem de pagar.
«No próximo ano, o montante de juros a pagar é inferior aquele que estava inicialmente previsto, e na proposta de Orçamento ainda não se encontra reduzido essa parte da despesa», declarou Seguro, considerando que o «Governo está a usar um princípio de precaução excessivo».
Independentemente da disponibilidade do Governo, o voto do PS já está traçado, a abstenção, a bem do país, disse António José Seguro.
Sem comentar directamente as palavras do Presidente da República, o líder socialista adivinha um Governo mais isolado porque, justificou, crescem as vozes a exigir uma maior equidade na distribuição dos sacrifícios.