Cavaco Silva diz que a solução da crise do euro está nos bancos centrais: no Banco de Portugal, que pode ajudar no problema da banca nacional e no BCE, que pode solucionar a questão das dívidas.
O Presidente da República lançou, esta sexta-feira, a partir de Washington, o repto ao governador do Banco de Portugal: «Eu recomendo que seja aplicado aquilo que decidiu o Conselho Europeu», isto é, «que a desalavancagem seja feita numa proporção adequada que não ponha em causa o financiamento da economia».
O Conselho Europeu recomendou que até Junho do próximo ano a banca se recapitalize de forma a alcançar um rácio de capital de nove por cento, mas a "troika" obriga a que a banca portuguesa o faça até ao final deste ano. Cavaco Silva acredita, no entanto, que «o bom senso vai imperar».
Já no plano europeu, o Presidente da República volta a sublinhar que «o Banco Central Europeu deve ter uma intervenção ilimitada no mercado secundário da dívida pública dos países com problemas de liquidez».
Ao novo governador do BCE, Cavaco Silva lança o desafio: «Espero que o senhor Draghi, por quem tenho imensa consideração, não esteja marcado pela sua nacionalidade italiana».
Isto porque o problema, diz, «não se coloca tanto em relação a Portugal, à Grécia ou à Irlanda, mas em relação a países como a Itália ou a Espanha».
Quanto aos "nãos" de Angela Merkel, Cavaco Silva diz compreender a resistência da Alemanha, que se lembra da inflação que aconteceu depois da I Guerra, «no tempo da república Weimar», mas recorda que «os estudos que têm vindo a ser feitos mostram que em tempos de crise não há uma co-relação entre a base monetária e a totalidade dos meios de pagamento em circulação»
O chefe de Estado acredita que esta mensagem vai passar, até porque seria uma forma de travar «aqueles que apostam na subida das taxas de juro».
Confrontado pelos jornalistas com a aprovação do Orçamento do Estado para 2012 na generalidade esta sexta feira, Cavaco Silva recusou fazer qualquer comentário.