Uma postura mais interventiva do Banco Central Europeu (BCE)no apoio aos países em dificuldades financeiras é «a solução clara nesta fase» da crise do euro, afirmou o Presidente da República ao Washington Post.
Em declarações ao diário norte-americano, Cavaco Silva voltou a fazer reparos às instituições europeias pela lentidão e eficácia na resposta à crise do euro e a assegurar que Portugal irá cumprir as metas do acordo de financiamento com o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.
«Nesta fase, há uma solução clara - o Banco Central Europeu», afirma o Presidente da República, que falou ao Washington Post na sexta feira.
O banco, refere, deveria começar a comprar de forma mais agressiva obrigações de países pressionados pelos mercados, como tem sido nos últimos dias a Itália.
A questão tem sido objecto de intenso debate no seio da União Europeia, entre os que defendem uma postura mais agressiva, semelhante à da Reserva Federal dos Estados Unidos, e os que querem que o banco central cumpra estritamente a obrigação de não financiar governos nacionais e de controlar a inflação.
Cavaco Silva refere que a intervenção do BCE poderia contribuir para estabilizar os custos de financiamento de países sob pressão, como a Espanha ou Itália e trazer maior normalidade aos mercados obrigacionistas da zona euro.
«Deve sempre haver um financiador de última instância», refere o presidente da República.
Também ao diário norte-americano, Cavaco expressou desagrado com a resposta dos líderes europeus à crise, tal como já tinha feito em entrevista à CNN no início da visita aos Estados Unidos, quando criticou as «demasiadas hesitações e alguma cacofonia».