Justiça

Sá Fernandes absolvido de gravação ilícita de conversa com empresário

O 4º Juízo Criminal da Comarca de Lisboa absolveu o advogado Ricardo Sá Fernandes do crime de gravação ilícita de uma conversa, em 2006, com o empresário da Bragaparques, Domingos Névoa.

De acordo com a acusação do Ministério Público, Ricardo Sá Fernandes, que era «colega de escritório da advogada de Domingos Névoa [Rita Matias] e simultaneamente advogada num processo que estava a correr entre Domingos Névoa e o irmão de Ricardo Sá Fernandes [José Sá Fernandes], gravou uma conversa com Domingos Névoa sem o conhecimento e o consentimento» deste.

Foi com base na gravação desta conversa que Ricardo Sá Fernandes se apresentou no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e se ofereceu para ser agente encoberto na investigação a um suposto crime de corrupção activa que Domingos Névoa teria praticado.

Segundo o acórdão, datado de hoje e a que a Lusa teve acesso, o 4º juízo criminal de Lisboa absolveu o advogado do crime de gravações ilícitas.

Ao gravar a conversa com o empresário, o advogado «pretendia precaver-se contra a atitude do assistente [Domingos Névoa] quando fosse confrontado com a acusação de corrupção já que, como vimos em sede de audiência, o assistente imputou ao arguido toda a iniciativa do encontro», refere o documento.

O tribunal considerou que, como «se não bastasse a forma confusa, comprometida e com sucessivas contradições» com que Domingos Névoa prestou o seu depoimento, este «perde qualquer credibilidade quando confrontado com a transcrição da conversa mantida no dia 22 de Janeiro de 2006 com o arguido, já que não logrou explicar a razão pela qual é o arguido que lhe questiona o que é que o mesmo quer e não o contrário».

«Face a tal diálogo, dúvidas não restam que quem teve a iniciativa do contacto e combinou o encontro foi o assistente [Domingos Névoa] e não o arguido [Ricardo Sá Fernandes]», pode ler-se no acórdão.

Segundo o documento, fazendo referência às transcrições das escutas, o comportamento de Domingos Névoa nos dois encontros seguintes «demonstra o que pretendia» do advogado.

«Volta a oferecer dinheiro em troca da desistência da acção popular interposta pelo irmão do arguido [José Sá Fernandes] e de uma declaração pública do mesmo a apregoar a ilegalidade do negócio da Feira Popular e do Parque Mayer, bem como descreve a forma caricata como obteria o dinheiro».

No âmbito do processo Bragaparques, Domingos Névoa foi condenado em primeira instância por corrupção activa para acto ilícito, mas em sede de recurso foi absolvido pelo Tribunal da Relação de Lisboa.

Redação