O governador do Banco de Portugal defendeu que o ministro das Finanças deve ter um radar «mais abrangente» em matéria de finanças públicas de forma a evitar surpresas e dores de cabeça.
Solidário com o ministro das Finanças, Carlos Costa reconheceu, esta terça-feira, que falta ao titular da pasta das Finanças poder no controle orçamental.
«Sou o mais solidário possível com o ministro das Finanças, porque é a maior vítima da difusão do poder orçamental. Há áreas com impacto nas finanças públicas sobre as quais ele só tem um controle à posteriori», disse.
«O trabalho do ministro das Finanças não pode ser semelhante ao de um médico legista, que se limita apenas a confirmar a morte», acrescentou.
O governador do Banco de Portugal defendeu que ao Ministério das Finanças têm de ser dados mais instrumentos.
Segundo Carlos Costa, o ministro das Finanças deve ter «de uma vez por todas» um radar que abranja todas as instituições e entidades com impacto no défice orçamental, sob pena de «permanentemente se encontrar com surpresas que causam dores de cabeça».
Na 7ª Conferência Anual da Ordem dos Economistas, o governador do Banco de Portugal defendeu ainda uma revisão de modelo do comando da administração pública.
«Temos de encontrar modelos que reproduzam ao nível de cada serviço uma lógica de renovação, de ganhos de eficiência, partindo do princípio de que os primeiros a saber onde é que estão as ineficiências, os ganhos de organização e as melhorias de produto são aqueles que no dia-a-dia o produzem», explicou.
Carlos Costa considerou também que é importante rever o modelo de prestação de serviço público, considerando que é preciso optar e hierarquizar os serviços.