Chega esta sexta-feira às bancas a auto-biografia de Mário Soares, "Um político assume-se". Em entrevista à TSF, recordou algumas das memórias que compõem o seu novo livro.
"Um político assume-se" é o título que Mário Soares escolheu para esta auto-biografia.
Nesta entrevista à TSF, para além do político, assume-se também o homem: «O que me dá mais orgulho de ter sido foi resistente contra a ditadura durante 32 anos a fio». Mais do que ter sido primeiro-ministro ou Presidente da República. Foi preso 12 vezes, foi deportado, esteve exilado e isso, diz, «não é brinquedo».
«Não desisti até ao fim. Isso dá-me um certo orgulho, para dizer a verdade, porque digo 'Bolas, consegui! Estes tipos quiseram por todas as maneiras destruir-me e não me esmagaram!'».
Na prisão, para arranjar forças para continuar, dormia. «Sempre dormi relativamente bem», lembra. Estava também a dormir quando ficou a saber, na cadeia, que já estava casado - por procuração - com Maria de Jesus Barroso: «O Zenha estava à janela a olhar lá de cima pelas grades e disse-me "Ó Mário, a Maria de Jesus está ali a dizer q já casaste". E foi assim que acordei», recorda, rindo.
Diz de si próprio que nunca teve depressões, nunca teve medo das derrotas, mas que há muitas coisas que o assustam. Admite que cometeu erros, não se arrepende de nada. E quando lhe chamam o pai da democracia, reage: «Eu sou pai de dois filhos, mas lá pai da democracia não sou. Contribuí de alguma maneira para que a democracia triunfasse».
"Enfim, a Liberdade!" é um dos capítulos do livro, onde Soares relata todo o percurso político que começou, como o próprio lembra, em casa, «desde tenra idade».