Política

Passos admite que 2012 será um ano muito difícil para a classe média

Pedro Passos Coelho em entrevista à SIC Global Imagens

Em entrevista à SIC, o primeiro-ministro reiterou, esta noite, que o Governo não tinha grande margem de manobra e que os cortes nos subsídios são «incortonáveis».

No dia em que a Assembleia da República aprovou o Orçamento de Estado, Pedro Passos Coelho admitiu, em entrevista à SIC, admitiu que a austeridade implicará sacrifícios pesados para a classe média.

«Vai ser muito difícil para as pessoas de rendimentos médio passarem o ano de 2012», reconheceu Passos Coelho.

O primeiro-ministro admitiu também ter de apresentar medidas excepcionais na Primavera, um imposto extraordinário para o sector privado, à semelhança do que vai ser aplicado a pensionistas e funcionários públicos no 13º mês.

Trata-se de um hipótese, mas o chefe de Governo explicou que ainda é cedo para falar do assunto.

«O maior risco que enfrentamos nesta altura é o de declínio económico, esse é o maior risco. A nossa previsão é que a taxa de crescimento da economia seja de três por cento. Se isto por razões externas não se vier a confirmar e for pior, (...) claro que teríamos de adoptar novas medidas», admitiu.

Nesta entrevista à SIC, Passos Coelho foi questionado sobre a forma como, em público, as decisões do Governo têm sido questionadas e até criticadas por Cavaco Silva.Num primeiro momento, Passos recusou comentar, mas acabou por responder.

«Se nós estivéssemos externamente perante uma posição de dúvida sobre a cooperação que existe, que verdadeiramente existe, entre todos os órgãos de soberania, nós estaríamos muito pior. Portanto, tendo a não valorizar aspectos que podem ser de leitura diferente, como é natural que existam», esclareceu Passos Coelho, lembrando «que o Presidente da República não foi eleito para representar o PSD».

Para o primeiro-ministro, a divergência de opinião é normal, venha ela de onde vier, até mesmo de dentro do próprio PSD.

Passos Coelho garantiu ainda que não sente falta de apoio nem do partido, nem do parceiro de coligação (CDS-PP) e insistiu que o Governo está bem e recomenda-se.

Uma remodelação no executivo é um cenário que nem lhe passa pela cabeça. O desgaste, concluiu Passos Coelho, com naturalidade, é o preço a pagar num Governo que toma medidas impopulares.

«Não há ninguém neste Governo que esteja com a perspectiva de cuidar da sua imagem e de ter uma avaliação positiva do ponto de vista da imagem e da popularidade porque nós sabemos que o trabalho que temos para fazer não pode estar orientado por essas preocupações», reforçou Passos Coelho.

«O que me preocuparia era se o ministro da Economia não estivesse a preparar as reformas importantes, que está a preparar, para que Portugal possa voltar a crescer em termos económicos», rematou.