Portugal

Douro Património Mundial pode estar em risco

Douro Direitos Reservados

Especialistas da UNESCO alertam que a barragem de Foz Tua tem um «impacto irreversível» no Douro Património Mundial, avança o jornal Público desta quarta-feira.

O jornal teve acesso a um relatório que foi entregue ao Governo no Verão deste ano e que critica o modo como as autoridades têm gerido o património da região vinhateira e a questão essencial é saber se deve mesmo ser construída. O documento alerta que a paisagem nunca mais será a mesma se a barragem do Tua for construída.

O Vale do Tua tem um alto valor ecológico e cenográfico e a construção da barragem ameaça esse valor excepcional, pondo em causa a distinção da UNESCO.

O relatório foi feito pelo órgão consultivo do Comité do Património Mundial, constituído por especialistas em conservação do património. Em causa estão parâmetros culturais e biofísicos.

Os argumentos a favor do projecto não convencem os especialistas. Não basta, por exemplo, dizer que o impacto será idêntico ao de outras barragens já construídas ao longo do Douro, porque o passado não justifica o presidente.

Também não cola a tese de que o projecto fica no limite da área classificada, porque, diz o relatório, vai afectar directamente o património mundial.

Também não adianta garantir que a central hidroeléctrica vai ter assinatura do arquitecto Souto Moura.

Os peritos avisam que os estudos de avaliação assinados pelas autoridades portuguesas e pela EDP, a dona da obra, nunca tiveram em conta os impactos da barragem nos bens culturais protegidos.

O órgão consultivo da UNESCO acusa o Estado português de não ter respeitado os procedimentos durante o processo de análise do projecto.

As consequências de uma avaliação tão negativa podem mesmo levar a UNESCO a retirar a classificação.

Os casos mais recentes aconteceram na Alemanha e no Emirado de Omã por motivos diferentes.

Na Alemanha porque foi construído um viaduto no centro histórico de Dresden. Já no caso árabe foram as autoridades a assumir que estavam mais interessadas na exploração de petróleo, pedindo assim para a reserva natural ser retirada da lista do património mundial.