Política

Deputado do PS acusa governador do BdP de falta de isenção

Carlos Costa Direitos Reservados

João Galamba, coordenador do PS na comissão de orçamento e finanças, não gostou de ouvir, na semana passada, o Governador do Banco de Portugal chamar-lhe ignorante.

A resposta surge hoje, num artigo publicado no DN e também aos microfones da TSF: o deputado socialista acusa Carlos Costa - nomeado ainda no tempo de Sócrates - de estar politicamente alinhado com o PSD e o CDS.

O Governador do Banco de Portugal violou o dever de independência. A acusação é de João Galamba, deputado socialista e coordenador do PS na comissão de orçamento e finanças.

«O Governador surge alinhado com a linha política do PSD e do CDS. O senhor Governador fez um juízo político, disse que o problema dos bancos portugueses se devia ao facto de terem comprado dívida pública. Isso é falso e faz parte de uma narrativa sobre a crise de que, alguma forma, os problemas de Portugal são problemas do Estado português, e não problemas gerais do país - o que inclui Estado, família e empresas - e problemas gravíssimos a nível europeu», disse.

João Galamba considera, por isso, que Carlos Costa está «a defender uma narrativa política» e que isso deve caber «aos partidos e aos actores políticos e não a um regulador de uma entidade independente»».

Em causa o episódio em que, na Assembleia, Carlos Costa acusou Galamba de ignorância.

O deputado reafirma que o governador não tinha razão quando disse que a compra da dívida pública por parte dos bancos tinha limitado a capacidade de concessão de crédito à economia: «A compra de dívida pública é neutra em termos de capital, não afecta os rácios de capital e, portanto, por esta via não diminui a capacidade que o banco tem de conceder crédito a outras entidades. Na questão da liquidez, a questão que nós temos que fazer é se não tivesse comprado dívida pública tinham concedido mais crédito ao resto da economia? Não. Porque teriam ficado sem acesso a liquidez».

Galamba enquadra a explicação no contexto anterior ao pedido de ajuda financeira, em que a compra de dívida pública era uma operação segura.