Segurança

Funcionários de topo da CGD terão comprado material para escutas

CGD dr

O Correio da Manhã põe hoje a descoberto uma história com pelo menos 14 anos e que envolve suspeitas de gravações e escutas telefónicas internas a pessoas não gratas à direcção.

O relatório interno da Caixa Geral de Depósitos (CGD) aponta para a existência de abuso de poder, violação dos direitos de patentes e de modelos de equipamento, corrupção, gravações ilícitas e devassa da vida privada.

No documento, a que o Correio da Manhã teve acesso, pode ler-se que em 1997, existiam suspeitas de gravações de conversas e escutas telefónicas internas a pessoas não gratas à direcção ou a certos elementos do gabinete de protecção e segurança do banco do Estado.

As dúvidas foram levantadas por vários funcionários do gabinete de segurança e a administração da CGD quis saber ao certo o que se estava a passar. A investigação ficou entregue a Rodrigo Moreno, então inspector-chefe do banco, responsável por averiguar as razões pelas quais foi afastado um coordenador da segurança.

O Correio da Manhã resumiu o essencial de 53 páginas do relatório, onde pode ler-se que Luís Andrade, então director do gabinete de protecção e segurança da CGD terá usurpado poderes ao afastar de funções o coordenador que denunciou várias irregularidades.

Também Nuno Bento, o ainda director do gabinete de segurança é acusado de ter copiado de forma não autorizada vários equipamento patenteado e António Melo, que há 14 anos era o responsável pelo núcleo de informática, terá passado dois dias em Inglaterra com a mulher a convite de uma empresa de segurança contrariando assim ordens do banco.

No relatório é ainda dado como certo que existiram pressões exercidas pelo gabinete de segurança sobre os empregados, a utilização de carros do banco para fins particulares, nomeadamente aos fins-de-semana, e para a realização de trabalhos de informática para empresas externas.

Ainda segundo o Correio da Manhã, três dos actuais altos responsáveis pela CGD nunca deram conhecimento dos factos à Polícia Judiciária e ao Ministério Público.

A administração do banco confirma que teve conhecimento do caso, e tomou as devidas previdências para sanar o problema, falando, no entanto, em insinuações nunca provadas, e dai a falta de comunicação às autoridades.