Se há dois anos Cavaco Silva chamava a atenção para uma situação que podia tornar-se «explosiva», desta vez, na mensagem de Ano Novo, usou o adjectivo «insustentável».
«Podemos dizer que a resolução dos desafios que Portugal enfrenta exige, além do rigor orçamental, uma agenda orientada para o crescimento da economia e para o emprego. Sem isso, a situação social poderá tornar-se insustentável e não será possível recuperar a confiança e a credibilidade externa do país», advertiu.
O Presidente da República voltou a frisar que é preciso que haja «coesão social», repartindo equitativamente os sacrifícios, e chamou a atenção para a necessidade de «aprofundamento da concertação social».
«Um diálogo frutuoso com os parceiros sociais, sobre as medidas dirigidas à melhoria da competitividade das empresas, será certamente um contributo positivo para reduzir a conflitualidade e as tensões e criar um clima social mais favorável ao aumento da riqueza nacional, ao investimento e ao combate ao desemprego», defendeu.
Cavaco Silva espera, «de todos os participantes no processo de concertação social», uma «abertura genuína ao compromisso, de modo a alcançarem os consensos de que o país tanto necessita para mitigar a dureza dos tempos que correm».
Em 2012, sublinhou, «as dificuldades vão ser acentuadas», o desemprego vai aumentar, vão ser exigidos «grandes sacrifícios» aos portugueses.
Por isso, o Chefe de Estado pediu aos políticos que expliquem bem as decisões que tomam, lembrando que, ao mesmo tempo, é preciso alimentar alguma esperança. Neste contexto, disse compreender a situação de muitos jovens que optam por emigrar.
«Conheço a ansiedade de milhares de jovens para quem tardam os caminhos com que sonharam, muitos dos quais procuram a sua sorte longe da família e do seu país, quando tanto precisamos deles», sublinhou.
«A crise é uma oportunidade para nos repensarmos como país», considerou, dizendo que «não devemos esperar que seja a Europa» a resolver os nossos problemas. É importante que Portugal tenha «uma voz activa na resposta à crise da Zona Euro», vincou.