O grupo de trabalho criado pelo Governo para reestruturar os transportes na área Metropolitana de Lisboa desistiu de propor uma simplificação tarifária dada a «sua extrema complexidade».
Segundo o documento final apresentado ao Governo, a que a Lusa teve acesso, o grupo de trabalho «reflectiu sobre a possibilidade de introdução de alterações» no tarifário existente, mas «face à sua extrema complexidade [...] foi reconhecida a sua inviabilidade», pelo menos no prazo do seu mandato.
No documento final, foi analisada a criação do Passe Cidade, o fim dos títulos 'L' (intermodais) e a «eliminação de títulos de venda reduzida».
Contudo, é indicado que apenas quanto à CP foi possível «consensualizar a introdução de um novo zonamento tarifário que permita eliminar as incongruências do actual sistema»: diferentes preços para as mesmas distâncias em diferentes linhas.
O novo sistema baseia-se num «zonamento fixo», em que o passageiro «paga de acordo com o número de zonas em que circula», independentemente da linha, percurso ou distância.
O documento indica várias alterações nos transportes públicos que devem permitir obter uma poupança global de mais de 20 milhões de euros anuais.
O grupo propõe o fim da ligação fluvial Trafaria-Porto Brandão-Lisboa, devido à reduzida procura, e que as ligações Lisboa-Montijo e Lisboa-Seixal apenas se realizem nos dias úteis e em períodos de ponta.
Para as ligações Lisboa-Cacilhas e Lisboa-Barreiro é proposta uma menor utilização dos novos ferries e a utilização de navios de menor consumo, a antecipação da hora de encerramento do serviço diário e a redução de frequência aos fins de semana.
Estas medidas devem permitir uma poupança anual de 7,2 milhões de euros ao Grupo Transtejo, que também detém a Soflusa.
O grupo de trabalho alerta que, para isso, é necessário assegurar alguns pressupostos, entre os quais a «urgente fusão entre a Soflusa e a Transtejo» e meios financeiros para implementar «as medidas de reestruturação decorrentes da redução do serviço, nomeadamente no que respeita a saídas de pessoal».
Para o Metropolitano, propõe-se a manutenção do horário de funcionamento (quando a primeira versão sugeria diminuí-lo), a redução da velocidade máxima de 60 para 45 quilómetros/hora fora das horas de ponta nas linhas Verde e Vermelha, comboios com três carruagens nos períodos menos movimentados e o fecho dos átrios secundários à noite, aos fins de semana e feriados, em várias estações.
Calcula-se que o Metropolitano de Lisboa tenha uma redução dos custos operacionais de 4,77 milhões de euros por ano.
Quanto à CP, propõe-se um novo horário nas linhas de Azambuja e Sintra que implica o reforço da oferta para a estação do Oriente e entre Sete Rios e o Oriente. A adopção do novo horário irá permitir uma poupança de cerca de 350 mil euros anuais.
Na Carris, é proposto o fim de 14 carreiras (10, 49, 79, 777, 790, 797, 18E, 203, 205 e 208 da rede urbana e 21, 25, 76, 745, 764 e 799 da rede suburbana) e 19 alterações do serviço que incluem encurtamento do percurso ou alterações ao nível das ruas abrangidas (12, 30, 44, 70, 701, 703, 706, 709, 718, 732 e 794 na rede urbana e 22, 28, 31, 36, 714, 726, 202 e 210 na rede suburbana).
O grupo de trabalho propõe também quatro prolongamentos do percurso (718 e 760 na rede urbana e 54 e 711 na suburbana) e vários ajustamentos da oferta relacionados com a frequência ou com os horários (74, 108, 701, 706, 709, 716, 724, 729, 735, 742, 747, 755, 756, 758, 759, 765, 793, 28E na rede urbana e 714, 746, 753 e 767 nos suburbanos).
Deste ajuste, é esperada uma redução de custos de 8,52 milhões de euros em 2012.