A TSF ouviu Tavares Moreira e Miguel Beleza sobre o desafio lançado pelo PS e PSD de suspender dos subsídios de Natal e de férias aos funcionários do Banco de Portugal (BdP).
Em declarações à TSF Tavares Moreira, governador do Banco de Portugal entre 1986 e 1992 recorda que, ao contrário de outras instituições, o BdP já efectuou cortes nos salários em 2011. O antigo governador considera por isso a opção do banco é entre o plano da legalidade e o exemplo a dar.
A questão que se coloca, refere Tavares Moreira, é se o Banco de Portugal «quer dar um exemplo mais expressivo ao país e, de facto, aplicar também em 2012 essa medida de corte nas retribuições quer aos activos, quer aos que não estão ativos, portanto aos pensionistas».
Também ouvido pela TSF, Miguel Beleza, governador do Banco de Portugal de 1992 a 1994, defende que a instituição liderada por Carlos Costa deve seguir o que foi decidido pelo Estado. «Do meu ponto de vista o banco não devia afastar-se nesta matéria daquilo que foi decidido para a generalidade dos funcionários do Estado» considera.
O antigo governador adianta ainda que, mesmo que existissem impedimentos legais para faze-lo, o Banco de Portugal deveria tentar ultrapassa-los. «Acredito que em muitas circunstâncias, nomeadamente em circunstancias difíceis, o Banco de Portugal tem tido uma função de exemplo. Convinha não a afastar e reforça-la» sublinha Miguel Beleza.
As reações dos dois antigos governadores, recolhidas pela TSF, surgem depois do PS e PSD terem desafiado o Banco de Portugal a juntar-se ao esforço que está a ser pedido aos funcionários públicos e pensionistas, com a suspensão dos subsídios de Natal e de férias.