O Ministério das Finanças diz que a descida do rating de Portugal para "lixo" não reflecte a realidade nacional e considera o corte «infundado».
Em comunicado divulgado, esta noite, pelo gabinete do ministro das Finanças, o Governo afirma que a decisão da agência de notação financeira corresponde «a uma quebra metodológica significativa».
Segundo o Governo, a S&P «parece ter substituído a sua análise individualizada por país por uma análise sistémica baseada na área do Euro, da qual decorrem avaliações que não reflectem adequadamente as realidades nacionais».
Por outro lado, são dissecadas na nota oficial «um conjunto de inconsistências» que, no entender do Governo, contém a decisão da S&P, em comparação com anteriores posições e relatórios desta agência de rating.
Neste contexto, o documento enumera em nove pontos as razões pelas quais considera «infundada» a revisão em baixa do rating da dívida portuguesa, acentuando nomeadamente que «existe um amplo consenso político em relação ao Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF)».
Entre outras razões evocadas, refere-se que a S&P «ignorou o facto de as estimativas para o PIB de 2011 implicarem uma recessão menos profunda do que inicialmente esperado», e que as mais recentes previsões do Banco de Portugal «sugerem uma redução do défice da balança corrente e de capital de 8,9 por cento do PIB em 2010 para 6,8 por cento em 2011 e 1,6 por cento em 2012».
No documento, de duas páginas, lê-se também que sobre a existência de pressões em baixa sobre os salários, consumo e investimento privado e público em Portugal, «a evolução se enquadra num padrão típico de ajustamento (...) que se caracteriza por desequilíbrios internos e externos».
O Governo lembra ainda que tomou várias medidas para flexibilizar o mercado do trabalho, reforçar a competitividade da economia e aumentar o seu grau de abertura.
«A economia portuguesa demonstrou uma forte dinâmica exportadora (...) como confirmado pelas recentes estimativas do Banco de Portugal que apontam para um crescimento das exportações de 7,3 por cento», acrescenta ainda o Governo, que reitera o empenho em cumprir o PAEF e os seus compromissos europeus.