O presidente do grupo Jerónimo Martins deixou, esta noite, um aviso às empresas que queiram internacionalizar-se: têm de estar dispostas a perder dinheiro durante anos a fio.
Numa altura em que o país vê olha para as exportações e para a internacionalização das empresas como os únicos remédios eficazes para os males económicos, Alexandre Soares dos Santos deixa o aviso, recordando-se até da experiência falhada da Jerónimo Martins no Brasil, que esse caminho não é nem fácil, nem barato.
«Quando se vai para o estrangeiro, isto foi uma lição que aprendemos duramente, é preciso ter um balanço financeiro muito forte. Quem não o tiver e não esteja disposto a perder dinheiro durante oito ou dez anos, não vale a pena começar», alertou.
Por isso, Soares dos Santos rematou: sem dinheiro, não há negócio. Uma realidade que, diz o presidente da Jerónimo Martins, que as empresas portuguesas parecem ignorar.
«Os portugueses continuam adormecidos e não estão a perceber o fenómeno da globalização e todas aquelas companhias que decidirem apenas operar em Portugal estão absolutamente condenadas», afirmou.
E isso é para entrar noutros mercados, depois de lá estar, é preciso conhecer os clientes, as suas preferências e particularidades. Soares dos Santos deu o exemplo da cadeia da Jerónimo Martins na Polónia, a Biedronka, para mostrar como no ano passado conseguiu vender sete milhões de litros vinho português naquele país, vinho português mas de paladar adaptado.
«27 por cento das nossas vendas de vinho foram de vinho português, em particular do Esporão. Mas demorou dois anos a convencer José Roquette que o vinho tinha de ser adaptado ao gosto polaco», revelou.
Avisos e conselhos de Alexandre Soares dos Santos, envolto em polémica quando decidiu transferir a sede do maior accionista do grupo Jerónimo Martins para a Holanda.
O presidente da empresa dona do Pingo Doce recebeu esta noite o prémio excelência na liderança atribuído pela revista Exame, e deixou outra promessa: o grupo há-de regressar ao Brasil.