Eduardo Gageiro, o fotógrafo português mais premiado, confessou, em declarações à TSF, que não sabe o que vai fazer sem os rolos da Kodak, empresa que está à beira do abismo.
O fotógrafo contou que começou a tirar fotografias com uma Kodak Baby de plástico aos operários de uma fábrica de louça para onde acabou por ir trabalhar. «Achava que a minha promoção social era ser empregado de escritório, mas odeio números», confessou.
Nessa altura conheceu o escultor Armando Mesquita, que elogiou a sua sensibilidade para a fotografia, mas mostrou disponibilidade para o ensinar a corrigir «a noção da composição».
Apesar de agora ter uma máquina Canon que lhe ofereceram, é a Kodak que lhe deu e continua a dar o mais importante, a «confiança» de saber que os rolos não vão falhar.
Foi com uma Kodak que fez os serviços mais importantes, como o 25 de Abril e os Jogos Olímpicos de Munique, e muitas outras fotografias que ditaram os mais de 300 prémios internacionais que recebeu.
Eduardo Gageiro disse ainda que sempre gostou de fotografar pessoas sozinho, porque tem de estar com «todos os sentidos concentrados».
Foram as fotografias de pessoas que o levaram a Caxias no tempo de Salazar, altura em que lhe disseram que as fotos de estudantes ou manifestações davam «uma má imagem de Portugal». Quando questionado sobre porque é que não fotografava paisagens, respondeu: «Eu gosto é de fotografar pessoas».
Eduardo Gageiro aposta sempre nas fotos a preto e branco e guarda mais de 170 mil negativos.
O fotógrafo questionou ainda como é será o trabalho dos fotógrafos sem aquela máquina e fez saber que vai procurar por Lisboa os últimos rolos.
A empresa norte-americana, que nasceu há 130 anos pelas mãos de George Eastman, enfrenta grandes dificuldades financeiras e repetem-se as notícias de que vai abrir falência. A primeira máquina Kodak foi lançada em 1888 e 20 anos depois já valia muitos milhões de dólares.