Rui Ochôa, que decidiu ser fotógrafo por não saber pintar, encara como «filhos» os rolos da Kodak, empresa que tem estado em crise e que esta quinta-feira accionou um pedido de falência para reorganizar negócios.
Autor de vários livros e de inúmeras exposições, Rui Ochôa esteve vários anos no jornal Expresso e nas viagens de trabalho nunca perdeu de vista os rolos da Kodak, chegando a guardá-los no cofre dos hóteis.
O fotógrafo tem na sala uma fotografia a preto e branco dos pés de uma menina de uma associação recreativa na América tirada com a Kodak.
De resto, tem na sala alguns quadros da filha Elisa, que replica com pincéis o que pai fez com negativos.
Os negativos «eram imbatíveis», disse, acrescentando que «o filme da Kodak a preto e branco tinha um poder de recorte das imagens que definia muito as situações», algo «quase talhado a madeira», afirmou.
Rui Ochôa guarda religiosamente a máquina Brownie, a célebre Kodak lançada em todo o mundo a um dólar em 1900.
Para o fotógrafo, a revelação das fotografias é um «acto de criação quase eufórico». Ver a imagem a aparecer é «indescritível», acrescentou.