Muhammad Yunus defendeu, à margem do Fórum Económico Mundial de Davos, que a Europa em crise não pode esquecer-se dos países emergentes.
Em declarações à agência France Presse, o pioneiro do microcrédito concedido aos pobres alertou que os países pobres e emergentes temem as consequências do abrandamento económico europeu no seu próprio crescimento, assim como receiam que a contenção orçamental reduza a ajuda ao desenvolvimento.
«Quando a Europa abranda, o que se passa em países como o Bangladesh?», questionou Yunus, referindo-se ao seu país de origem. "O Bangladesh depende das exportações. Quando vocês deixam de comprar as nossas 'T-shirts', nós perdemos empregos e as empresas fecham", disse, numa entrevista à margem do Fórum Económico Mundial.
Segundo Yunus, de 71 anos, já foram anuladas encomendas provenientes da Europa e dos EUA e os empresários locais estão extremamente cautelosos.
Até agora, os países em desenvolvimento, nomeadamente na Ásia, beneficiaram do seu papel de manufatura dos países industrializados e as exportações têm sido o principal motor do seu crescimento. No entanto, a tendência começa a inverter-se, nomeadamente na China, devido ao abrandamento económico da Europa.