Política

Passos Coelho: «Uma nação com amor próprio não anda de mão estendida»

Passos Coelho defendeu que ao executar o programa de assistência está a fazer o que se pede ao governo «de um país honrado».

«A cada 15 dias destes debates, começa a faltar imaginação para pôr questões e mostrar pontos de vista», afirmou esta sexta-feira o primeiro-ministro, depois de ter sido confrontado no debate quinzenal no Parlamento pelo líder do PCP, Jerónimo de Sousa, com o «calvário para as populações» que representam as medidas de austeridade.

Na abertura do debate quinzenal, Jerónimo considerou que «a vida está a dar razão» ao PCP e que as consequências para o país «do pacto de agressão» são «um calvário para as populações».

«Um novo recorde de desemprego, com mais uns milhares empurrados para a vida precária, muitos para a miséria e para a pobreza», assinalou o deputado do PCP, que acusou o Governo de «esconder a realidade» com «o matraquear da ideologia».

«Deixe-se do discurso da retórica, do amanhã que nunca chega», atirou.

Na resposta à bancada comunista, o chefe do Governo acusou os comunistas de aproveitarem «casos que são dolorosos e o custo que tem para os portugueses a situação em que o país mergulhou» e defendeu que «a verdade» é que o Governo está «a apresentar resultados e a defender os portugueses da crise que se está a abater».

Passos assinalou que o défice estrutural para 2011 representa «um desagravamento de 4,4 por cento do PIB relativamente a 2010» e que ao nível do desequilíbrio externo houve uma redução de «2,1 por cento».

«As necessidades de financiamento externo do país estão a reduzir-se consideravelmente», notou.

O primeiro-ministro pediu ainda «honestidade» ao secretário-geral comunista: «A situação a que o país chegou não se deve, com certeza, a vários anos da minha governação».

O primeiro-ministro disse saber que «o país não realiza esta política de correcção de desequilíbrios sem consequências», mas defendeu que «os portugueses sabem que eles estão a ser corrigidos».

«Eu respondo-lhe com factos, não com intenções», sublinhou Passos Coelho, acrescentando que o país «está numa situação muito difícil por dez anos de políticas erradas» e elevado «endividamento externo».

Passos defendeu ainda estar «a cumprir exactamente aquilo que é suposto o governo de um país honrado fazer».

«Uma nação que tem amor próprio não anda de mão estendida, nem a lamentar-se, cumpre os seus compromissos e volta-se a erguer, é esse o custo que o país sabe que tem de cumprir para sair da situação em que está e os portugueses terão muito orgulho em poder fazê-lo, porque não querem manter, como tiveram nos últimos dez anos, uma economia que não cresce e um desemprego a crescer continuamente», declarou.

No final, Jerónimo de Sousa considerou que «a maior honra que um Governo pode ter é governar em conformidade com o que disse em campanha eleitoral» e acusou o executivo PSD/CDS-PP de isentar «o capital financeiro, os BPN, os larápios» e responsáveis por casos «escandalosos».

[Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico]