No Parlamento, Luís Marinho admitiu que não gostou da crónica do jornalista Pedro Rosa Mendes, mas assegurou que não foi por isso que o programa "Este Tempo", da Antena 1, foi suspenso.
Ouvido, esta tarde, na comissão parlamentar de Ética, o director-geral da RTP, Luís Marinho, rejeitou qualquer pressão do Governo para o fim da rubrica "Este tempo".
«Há sempre a pergunta 'mas foi a tutela? foi o ministro que mandou'. Acho que tinha que haver super-ministros para chegarem ao ponto de se lembrarem de uma crónica, num programa de rádio. Isto era quase um Big Brother», comentou.
«Acabar programas de rádio ou de televisão, acabar crónicas em jornais, substituir cronistas, é um acto normal. Portanto, o que eu posso dizer, com toda a veemência, é que não, não houve nenhum telefonema, nenhuma interferência da tutela. Houve uma decisão técnica e editorial na altura que tinha de ser tomada, até por questões contratuais», explicou.
Luís Marinho reafirmou que a decisão já tinha sido tomada antes de ir para o ar a crónica de Pedro Rosa Mendes. Ainda assim, o director-geral da RTP admitiu que não gostou dessa crónica.
«Se o deputado me quiser perguntar se gostei da crónica, digo-lhe claramente que não gostei da crónica. E se me disser que é por causa da crítica à RTP, isso para mim é o menos importante», afirmou Luís Marinho.
«Por exemplo, não gostei de ouvir chamar palhaços ricos a angolanos. Agora agarrar nisso, pegar numa pistola e dizer 'acabou já', isso é uma coisa que não me passaria pela cabeça e muito menos seria aceite pelos directores com quem trabalho», destacou.
No Parlamento, Luís Marinho garantiu que não foi convidado para o cargo pelo ministro Miguel Relvas.
Ainda esta terça-feira, o jornalista Pedro Rosa Mendes vai ser ouvido na Entidade Reguladora para a Comunicação Social e amanhã vai estar também na comissão parlamentar de ética.