Portugal

Rosa Mendes diz que foi despedido duas vezes em cinco meses por Miguel Relvas

Na Comissão Parlamentar de Ética, o jornalista voltou a afirmar que a causa para o fim das suas crónicas teve a ver com as críticas que lançou contra Angola.

O jornalista Pedro Rosa Mendes disse, esta quarta-feira, que foi despedido duas vezes em cinco meses pelo ministro Miguel Relvas, primeiro da agência e agora da RDP, e que o que diz não são suposições, mas sim factos.

Na Comissão Parlamentar de Ética, Rosa Mendes assumiu que o fim da crónica que tinha na Antena 1 teve a ver com a crítica que fez ao Estado angolano, o que prova existe uma relação de submissão de Portugal a Angola.

A crónica em que lancei críticas foi a causa directa do cancelamento das crónicas. Esse é um facto», afirmou o jornalista, que diz ter sido informado do fim do seu espaço de crónicas pelo director-adjunto da RDP, Ricardo Alexandre, só após desta crónica ter ido para o ar.

Nas declarações que fez nesta comissão, Pedro Rosa Mendes confirmou ter recebido um telefonema de Ricardo Alexandre na segunda-feira a seguir à crónica em que falou da emissão do programa Prós e Contras, da RTP, feito a partir de Luanda.

Rosa Mendes adiantou que esta chamada começou por um «tinhas razão» que «tinha a ver com uma troca de mensagens na semana anterior» entre o jornalista e Ricardo Alexandre, onde o cronista disse esperar que o tema que ia abordar «não fosse demasiado sensível e não fizesse acabar a crónica».

O jornalista considerou ainda que foi «afastado da delegação de Paris» da agência Lusa «por instruções expressas do ministro Miguel Relvas como foi dito não só a mim, mas à direcção cessante e à nova direcção».

«Há pelo menos uma responsabilidade política. O facto é que já não sou colunista da RDP que era o último trabalho que era o único trabalho que tinha como jornalista neste país», acrescentou Rosa Mendes, que vai processar o director-geral da RTP, Luís Marinho.

Reagindo a estas declarações, a deputada socialista Inês de Madeiros sublinhou que esta situação é de uma «gravidade sem precedentes, de uma ingerência de uma utilização do serviço público como nunca ninguém se atreveu a fazer desde o Estado Novo».

Respondendo ao PSD, que lembrou caso que envolveu Manuela Moura Guedes no tempo de José Sócrates, Inês de Medeiros recordou que este foi caso ocorrido numa «empresa privada». Mas a censura não é boa ou má consoante é feita no público ou no privado, rebateu a direita.