No final de uma reunião com o grupo parlamentar do PSD, o presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas considerou que Cavaco Silva deveria fazer uso do seu poder de influência.
Depois de se terem queixado sobre a situação das forças armadas, depois de terem levantado poeira com a carta aberta que escreveram ao ministro da Defesa, os militares antecipavam outra atitude por parte do Presidente da República.
«Como comandante supremo das Forças Armadas, efectivamente, tem sido um agente passivo no contexto em que vão acontecendo estas coisas. Aguardemos, estamos expectantes mas francamente aquilo que nos é dado a ver é mais a passividade e menos uma postura mais activa», sublinhou António Pereira Cracel.
O presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas, ainda aguarda que Cavaco Silva atenda aos alertas e exerça o poder de influência.
António Pereira Cracel falava à saída duma audiência no Parlamento com o PSD, uma longa audiência que durou mais de três horas, mas da qual saiu com alguma expectativa.
«Pelo menos há vontade de que se faça algo no sentido de desbloquear esta situação que para as Forças Armadas tem repercussões gravíssimas», adiantou.
Joaquim Ponte, o deputado social-democrata que os recebeu, tentou fazer o equilíbrio entre as sensibilidades em jogo.
«O grupo parlamentar é naturalmente sensível às argumentações que o Governo tem e às dificuldades que sente na sua acção governativa, mas estou certo que o executivo também estará sensível aquelas que foram as preocupações que o grupo parlamentar lhe transmitir», referiu o deputado.
Os ecos da reunião de hoje hão-de chegar ao Governo, garante, numa altura em que está instalado um ambiente crispado entre o ministro e as Forças Armadas.