Portugal gastou, durante o segundo semestre de 2011, mais três mil milhões de euros com empresas públicas do que o valor previsto no Programa de Assistência Económica e Financeira.
«As necessidades de financiamento das empresas públicas continuam um desafio significativo», alertava a Comissão Europeia no relatório da última revisão ao programa português, no final do ano passado.
Segundo o documento, «entre junho e dezembro de 2011 o valor total do dinheiro do Governo para as empresas públicas está previsto atingir cerca de três mil milhões de euros a mais do que o previsto no programa».
Este setor será alvo de atenção redobrada pela troika, na terceira revisão do programa que decorre desde quarta-feira, que examinará com especial rigor a situação da reestruturação das empresas públicas e onde serão avaliados os progressos efetuados na reforma do setor, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
A despesa em excesso foi efetuada após o Estado se ter visto obrigado a assegurar o financiamento destas empresas face à recusa dos bancos internacionais em manterem o seu financiamento.
Os 78 mil milhões de euros do empréstimo internacional, segundo fontes contatadas pela Lusa, já incluem uma estimativa de fundos para cobrir as necessidades de financiamento das empresas públicas dentro do perímetro de consolidação - dívida nova e refinanciamento - mas, ainda assim, Portugal terá chegado ao final do ano com mais dinheiro gasto nestas empresas que o previsto no programa.