Saúde

Ordem acusa ministério empurrar jovens médicos para a emigração

A Ordem dos Médicos acusou hoje o Ministério da Saúde de «discriminar negativamente» os jovens, cortando vagas para a especialidade e empurrando-os para a emigração, enquanto «importa» médicos cubanos a «ordenados elevados».

Um comunicado hoje publicado no portal da Ordem dos Médicos (OM) começa com o desafio «naturalizem-se cubanos», para de seguida afirmar que a tutela foi «importar médicos cubanos, oferecendo-lhes ordenados elevados e ajudas várias adicionais para se fixarem» no país.

Em declarações à TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, reiterou a discriminação negativa em relação aos jovens médicos portugueses, garantindo que a sua posição nada tem de xenofobia mas sim de dar aos clínicos nacionais as mesmas condições contratuais.

«Há vagas disponíveis para formação que não foram disponibilizadas no concurso B, limitando a capacidade de escolha dos jovens mas também a possibilidade de muitos que estavam desvinculados poderem entrar no sistema de saúde, sendo que aparentemente serão necessários», referiu.

«Denunciamos também outra situação de um especialista em Medicina Geral e Familiar, com uma lista de 2800 utentes, que está a ser pago muito abaixo das condições contratuais que são oferecidas a colegas estrangeiros sem a especialidade competente», acrescentou o bastonário, defendendo que «há aqui vários pesos e medidas que estão a discriminar e a prejudicar os jovens médicos portugueses que estão a ser empurrados para a emigração».

O bastonário vincou que não se opõe «à vinda de colegas estrangeiros para trabalhar em Portugal», explicando que o que o deixa «perplexo» é que «não tendo esses colegas a especialidade para trabalhar nos cuidados de saúde primários e havendo especialistas portugueses disponíveis, não lhes sejam oferecidas, pelo menos, as mesmas condições contratuais».

«É evidente que isso faz com que muitos especialistas em Medicina Geral e Familiar abandonem a especialidade, um das mais carenciadas em Portugal, e que os jovens que poderiam tirar a especialidade procurem outras alternativas profissionais ou a emigração», avisou José Manuel Silva.