Artes

Bailarino português brilha em Israel

Daniel Costa começou a dançar aos 17 anos, tarde para o normal, mas os «pontapés do destino», o apoio dos pais e a perseverança transformaram-no no primeiro português no elenco principal da companhia israelita de dança contemporânea Kibbutz.

Nascido no Porto e atualmente com 29 anos, Daniel Costa bailou por muitas atividades - piano, hipismo, natação e até mesmo artes marciais - até descobrir, aos 17 anos, a dança, uma paixão que se transformou numa profissão a tempo inteiro e que o fez «deixar de parte» um curso de engenharia.

«Se eu pudesse mudar alguma coisa, tinha começado a dançar mais cedo», confessa à agência Lusa, numa entrevista durante uma visita a Portugal, antes de partir para as digressões internacionais da companhia de dança contemporânea Kibbutz, em Israel.

Aos 20 anos, depois de conseguir «convencer» os pais a seguir dança, Daniel carimbou o passaporte para a Holanda, país onde estudou quatro anos na Codarts, em Roterdão, e trabalhou outros quatro, já em Amesterdão, com dois coreógrafos.

Admitindo que, desde o início, a Holanda nunca foi um país com que se tivesse sentido «identificado», o bailarino procurava um «país mais quente e mais mediterrâneo», mas realça a dificuldade em encontrar trabalho nos países latinos: «A ver por Portugal, o que é que nós temos aqui? Muito pouco, não é?».

E é nesta fase da vida de Daniel que os «pontapés do destino» - como o próprio diz - o fazem chegar ao Kibbutz, «uma companhia super conhecida no mundo da dança» e com a qual é difícil uma pessoa não se «cruzar».

«Numa terça-feira disseram-me [a direção em Amesterdão] que fosse a Israel na sexta-feira, porque tinham vendido uma peça lá e precisavam de alguém que fosse ensaiar. Eu aceitei. Cheguei, ensaiei, gostei do ambiente, tive oportunidade de me cruzar com as pessoas e mostrei o meu interesse ao diretor e ele pegou em mim. Foi mesmo simples», descreve, com uma naturalidade que faz acreditar que ser o primeiro português na companhia principal do Kibbutz foi, de facto, «fácil e simples».

Afirmando que, em Israel, o tratam como «europeu», Daniel considera que aquilo que falta na dança em Portugal é aquilo que falta nos outros campos neste momento, ou seja, «estabilidade», criticando a extinção do Ballet Gulbenkian, que era «um grande estandarte português».

Questionado se tem algum sonho no mundo da dança, o bailarino respondeu: «Tenho a sorte, neste momento, de poder dizer que estou onde quero estar».