O secretário-geral do PCP considerou hoje inevitável que o Governo recorra a prazo a um segundo resgate financeiro, apelando à mobilização para a greve geral.
Falando após intervenções de Duarte Alves (JCP) e Vasco Paleta (Direcção Regional de Setúbal) na festa do 91º aniversário do PCP, o secretário-geral Jerónimo de Sousa mostrou-se confiante de que a greve geral convocada pela CGTP-IN para 22 de março repetirá o «êxito» da manifestação nacional realizada a 11 de fevereiro.
«Uma greve geral que reclama dos militantes e organizações do partido um esforço e um empenhamento redobrado na mobilização, uma greve geral que será mais um importante contributo para o isolamento social e político do Governo», disse.
Para Jerónimo de Sousa, o acordo assinado por Portugal com a troika, «o pacto de agressão, está a traduzir-se numa espiral de aprofundamento da exploração, de extorsão de recursos públicos, de maior endividamento, de alastramento do desemprego e de degradação geral das condições de vida das populações».
Partindo de dados como o agravamento da recessão para 3,3 por cento, ou de aumento do desemprego para os 14 por cento, o líder comunista observou que responsáveis da área do executivo PSD/CDS já começam a admitir a necessidade de «medidas adicionais, preparando o terreno para novas investidas contra o povo e, sob a capa da falsa preocupação da dinamização da economia, dar o aval a medidas de transferência de milhões para a banca».
«Não tardará que, em vez da já garantida autossuficiência financeira e do regresso aos mercados em 2013, vejamos o Governo a justificar, ou com a conjuntura externa ou, como [José] Sócrates, com a desculpa que o mundo mudou, a defesa de uma nova negociação de um novo empréstimo e aceitar de joelhos para sua própria sobrevivência as condições que os falsos amigos do povo nos querem impor», declarou.
Em alternativa ao atual Governo, Jerónimo de Sousa defende a necessidade de uma política «de esquerda e patriótica».
«Os portugueses precisam de uma política que contraponha ao pacto de agressão a solução da imediata renegociação da dívida pública - envolvendo prazos, taxas de juro e montantes -, numa atitude que combate a sujeição do país às imposições de especulação financeira e da rapina dos recursos nacionais, e abra espaço ao relançamento do desenvolvimento do país», disse.