O Tribunal de Torres Vedras adiou a leitura do acórdão do caso "Rei Ghob" ao comunicar à defesa uma alteração não substancial dos factos da acusação referente à vítima Ivo Delgado.
A audiência de hoje ficou marcada pelo arremesso de um objeto para a assistência, no momento em que o arguido abandonava a sala, atingindo uma das advogadas das famílias das vítimas, sem contudo causar ferimentos.
Não foi marcada uma nova data para a leitura do acórdão do caso "Rei Ghob".
No início da audiência, a presidente do coletivo de juízes, Maria Domingas, decidiu comunicar aos advogados de defesa do arguido factos que não constavam da acusação e que foram tidos como prova, apesar de «não imputarem uma alteração substancial» da acusação.
O coletivo de juízes decidiu tornar «credível o depoimento da testemunha Mara Pires», segundo a qual no dia 26 de junho de 2008 viu Francisco Leitão a agredir «com uma barra de ferro» Ivo Delgado, nas costas.
Na sequência da agressão, a vítima «caiu no chão, respirando com dificuldade» e foi depois colocada dentro da bagageira do veículo do arguido, «vindo a falecer posteriormente em consequência das lesões da pancada».
O coletivo de juízes concedeu cinco dias para a defesa do arguido produzir prova em relação a esses factos.
O tribunal ouviu Maria de Fátima Barbosa, a mãe da vítima Joana Correia, que esclareceu que a filha saiu de casa a 03 de marco de 2010 «com a mesma roupa com que tinha andado naquela tarde».
A produção de prova permitiu ao tribunal ganhar 30 dias para proceder à leitura do acórdão, explicaram os advogados do processo.
O julgamento está a decorrer desde janeiro com tribunal de júri, composto por três juízes e quatro cidadãos, a quem compete a decisão da eventual aplicação da pena que, caso sejam dados como provados os factos de que o arguido é acusado, poderá chegar aos 25 anos de prisão, a pena máxima permitida em Portugal.
Francisco Leitão, conhecido por "Rei Ghob", está acusado de quatro crimes de homicídio e outros quatro de ocultação de cadáver, relativos ao desaparecimento de Tânia Ramos (05 de junho de 2008), Ivo Delgado (26 de junho de 2008) e Joana Correia (03 de março de 2010), que levaram a Polícia Judiciária a suspeitar de três homicídios.
Segundo a acusação, as três vítimas terão sido mortas por questões passionais: as duas raparigas, porque eram namoradas de jovens com quem o réu queria ter um caso amoroso, e Ivo Delgado, por não ter querido voltar a ter qualquer envolvimento com Leitão, após o desaparecimento da namorada, Tânia Ramos.