O ministro das Finanças afirmou que as reformas estruturais podem traduzir-se num aumento do PIB de cerca de 5 por cento nos próximos 5 anos, segundo alguns estudos, mas o governo «simplesmente não sabe» ainda qual o impacto específico.
Falando em Washington, Estados Unidos, numa palestra sobre os desenvolvimentos da situação económica e financeira portuguesa, Vítor Gaspar afirmou que o que está previsto no programa de ajuda internacional é «completamente convencional», e que as exportações, que têm estado a ganhar quota internacional vão ser o principal motor da retoma.
O efeito das reformas estruturais não é levado em conta no programa, e o governo «não tem uma boa perceção dos impactos» destas a curto prazo, «ainda menos a muito curto prazo».
«É justo dizer que simplesmente não sabemos», afirmou.
Estudos da OCDE e Sistema Euro sugerem que Portugal pode colher «efeitos substanciais» das reformas estruturais no crescimento económico, a longo prazo, «para cima de 10 por cento no nível do PIB» e, segundo outras projeções «cerca de metade desse efeito pode materializar-se em 3 a 5 anos», afirmou.
«Se esse for o caso, se isso se materializar de acordo com esse tipo de cenário, o que vai acontecer é que as reformas estruturais vão ajudar a retoma a ser forte e a acelerar o processo de ajustamento. É esse o conceito», disse.
O ministro falava numa palestra intitulada «Portugal, Ganhando Credibilidade e Competitividade», perante investigadores, académicos e representantes de instituições financeiras internacionais, além da imprensa económica.
A economia portuguesa, afirmou, está a contrair-se a um ritmo mais forte do que o previsto no programa, mas deverá aliviar a partir deste trimestre, recuperando continuamente até atingir um crescimento positivo no próximo ano.
Com a contração da procura doméstica, o setor de bens transacionáveis é pressionado a «tirar partido de mercados que estão a abrir», e as exportações «têm estado a ganhar mercados e vão ser o principal motor da retoma», afirmou.