Pedro Passos Coelho abriu, esta noite, o XXXIV Congresso do PSD com um balanço da sua liderança e dos seus nove meses como primeiro-ministro, defendendo que cumpriu as suas promessas tanto no partido como no Governo.
«Posso prestar contas neste Congresso e dizer que, nestes dois anos, nós cumprimos», começou por afirmar Passos Coelho, referindo-se ao seu primeiro mandato como presidente do PSD.
«Nestes nove meses, nós no Governo temos cumprido com aquilo que prometemos», acrescentou.
A propósito dos seus dois anos à frente do PSD, Passos Coelho recordou o apoio dos sociais-democratas à recandidatura de Cavaco Silva a Belém, em 2011, suscitando aplausos dos congressistas.
«Cumprimos também, ainda estávamos na oposição, quando escolhemos apoiar Cavaco Silva para renovar o seu mandato como Presidente da República», considerou o presidente do PSD, acrescentando: «Apoiámo-lo porque sabíamos que seria o melhor Presidente da República para Portugal».
Passos Coelho alegou ter colocado «Portugal em primeiro lugar», em detrimento do partido.
«Não pensámos no PSD quando nos apresentámos nas eleições a dizer que íamos cumprir um programa de austeridade. Não foi a pensar no PSD que, antes disso, criámos condições para que houvesse estabilidade política em Portugal, apesar de não estarmos no Governo. Não foi no PSD que pensámos quando apoiámos Cavaco Silva, foi a pensar em Portugal e nos portugueses», considerou.
No que respeita à governação, o primeiro-ministro defendeu que o executivo PSD/CDS deu «um bom exemplo de mudança de atitude» nas nomeações para cargos dirigentes e que, «sem nenhuma arrogância», conseguiu «fazer uma revolução tranquila» em Portugal.
«De facto, exame regular após exame regular, nós vamos cumprindo todas as metas a que nos propusemos», sustentou.
Depois, quando falava dos valores do PSD, Passos Coelho descreveu-o como um partido que «não vende ilusões» e deixou críticas ao anterior Governo do PS.
«Nós gostaríamos hoje de estar a cumprir um programa diferente no Governo. Eu gostaria muito de estar a distribuir melhor a riqueza em vez de estar a cuidar da consolidação fiscal. Mas o que interessam esses discursos utopistas se nós ignoramos a realidade? Ao que nos conduziu essa cegueira de achar que o país mudava com os TGV, com a Parque Escolar, com todas essas empresas e apostas que custaram tanto futuro a tantos portugueses?», destacou.
No seu entender, Portugal fez «mais autoestradas do que eram necessárias», criou «algum luxo que países mais ricos não puderam criar» e a sua antecessora na liderança do PSD, Manuela Ferreira Leite, teve razão nas críticas que fez ao então primeiro-ministro, José Sócrates, mas «em democracia não ganha necessariamente quem tem razão».
Num discurso de cerca de uma hora, Passos Coelho não esqueceu as eleições regionais dos Açores marcadas para outubro, elogiando a candidata do PSD ao governo açoriano, Berta Cabral.
O presidente do PSD deixou também palavras de apoio para a região da Madeira que tem «um programa difícil» de ajustamento financeiro para cumprir, assinado em fevereiro.
«Na altura, o doutor Alberto João Jardim disse-me o seguinte: Passos Coelho, você vai ver, ainda você vai andar aflito para cumprir o memorando da 'troika' e eu hei de cumprir este programa na Madeira», revelou.
Passos Coelho disse esperar que Alberto João Jardim tenha razão quanto à parte do programa da Madeira «e que não tenha razão na outra», manifestando-se certo de que Portugal vai conseguir cumprir o seu programa «em todo o país».
O XXXIV Congresso do PSD está reunido entre hoje e domingo para discutir e votar alterações aos estatutos e ao programa e eleger os novos órgãos nacionais do partido.