O economista e conselheiro de Estado criticou o primeiro-ministro e o ministro Miguel Relvas dizendo que ao apontarem uma data para o regresso aos mercados estão a favorecer a especulação financeira.
Numa conferência realizada na Universidade do Algarve, o economista Vítor Bento considerou que não é razoável apontar um data para o regresso aos mercados internacionais.
«Será um erro grave se alguém fixar uma data precisa para dizer que Portugal regressa aos mercados. Quem conhece os mercados financeiros sabe que quando se dá, numa situação de instabilidade, uma data para seja para ou que for, constitui-se um ponto focal para a especulação financeira», afirmou.
O conselheiro de Estado julga que tudo está depende de variáveis e algumas não são possíveis de controlar, como a evolução da economia mundial ou da zona euro. O que é preciso, sublinhou Vítor Bento, é fazer o trabalho de casa porque a ajuda financeira chegará.
«Se nós estivermos a cumprir tudo, estou convencido que as próprias autoridades europeias não terão dificuldade nenhuma em dar a assistência que for necessária até o processo estar devidamente concluído. Tanto mais que se o processo estiver a correr bem é o próprio modelo de ajustamento europeu que está em jogo», lembrou o economista.
«Portanto, e as autoridades europeias estão tão comprometidas como as nacionais», concluiu.
Vítor Bento defende a redução de salários para diminuir o desemprego, mas salientou que esta é a sua opinião e o no que diz respeito à economia portuguesa «tudo agora é apenas uma questão de fé».