PSD e CDS «estão disponíveis» para viabilizar uma nova comissão de inquérito ao caso Camarate, relativo à morte do ex-primeiro ministro Sá Carneiro, anunciaram hoje os líderes parlamentares, depois de o deputado Ribeiro e Castro ter defendido essa iniciativa.
O deputado do CDS Ribeiro e Castro defendeu, em declarações à agência Lusa, uma nova comissão de inquérito sobre Camarate, numa altura em que surge a alegada confissão de um homem que diz ter organizado o atentado de 1980 em que morreu o então primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, e o seu ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa.
Sem querer comentar diretamente o documento que está a ser divulgado na internet atribuído a Francisco Farinha Simões, já ouvido noutra comissão de inquérito, em 1995, o deputado do CDS/PP considerou que «há aspetos que nunca foram averiguados», relacionados com a queda do avião ocorrida nos arredores de Lisboa há 31 anos.
Questionado sobre esta questão hoje no Parlamento, o líder parlamentar do PSD respondeu que «quer o PSD quer o CDS, os grupos parlamentares da maioria, estão disponíveis para poder dar continuidade aos trabalhos que nas legislaturas anteriores se encetaram sobre esta matéria».
Luís Montenegro defendeu que deve porém existir um «consenso» ao nível da criação da comissão de inquérito e dos seus objetivos no sentido de o Parlamento poder acrescentar «novas conclusões» ao trabalho já feito noutras legislaturas.
«A ideia não é repetir aquilo que já foi feito, é que possamos aferir da existência e da fidedignidade desses novos elementos, por forma a poderem dar corpo a trabalhos que tenham conclusões claras, que é isso que se pretende quando se constitui uma comissão de inquérito», sublinhou.
Também o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, igualmente em declarações aos jornalistas, afirmou que «havendo esse consenso» é importante «prosseguir, e é bom também sublinhar isso, o trabalho que foi interrompido por força da dissolução do Parlamento» no ano passado.
«Portanto, como foi aqui dito e bem, vamos procurar esse consenso, cremos que esse consenso não será difícil de obter, e vamos prosseguir e concluir o trabalho que foi interrompido com a dissolução da Assembleia da República», acrescentou, afirmando ainda que o CDS quer o «apuramento da verdade» em relação a este caso, algo que acredita que também pretende o PSD e os restantes partidos com assento parlamentar.
Nuno Magalhães recusou comentar a alegada confissão de Farinha Simões, sublinhando que é necessário «prudência nestas matérias» e que deve ser a «futura comissão» a tirar conclusões depois de «ouvir as pessoas».
Quanto ao PS, através do deputado Ricardo Rodrigues, já afirmou que «não obstaculizará» a formação de uma nova comissão sobre Camarate, até porque os trabalhos que decorriam numa comissão na legislatura anterior nunca foram concluídos.