Os critérios para a concessão de crédito às empresas pelos bancos tornaram-se mais exigentes no primeiro trimestre deste ano, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP), no inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito.
«Durante o primeiro trimestre, ter-se-á registado em alguns segmentos do crédito a empresas um ligeiro aumento da restritividade dos critérios aplicados pelos bancos da amostra. O aumento na restritividade terá sido transversal aos diferentes segmentos de dimensão da empresa e terá sido mais significativo nos empréstimos de longo prazo», lê-se nesta publicação do supervisor bancário, hoje divulgada.
Segundo o inquérito feito a cinco grupos bancários portugueses, são três os principais fatores apontados pelas instituições como mais relevantes para restringir a concessão de empréstimos às empresas: a maior perceção do «risco» das próprias empresas, o «aumento dos custos de financiamento» dos próprios bancos e as «restrições de balanço» pela concessão de crédito.
De acordo com o Banco de Portugal, estas exigências mais restritivas traduziram-se em «condições contratuais mais exigentes», como o aumento dos spreads (margem de lucro) cobrados pelos bancos, e a concessão de financiamento a prazos mais curtos.
Já do lado da procura, o estudo do BdP não detetou «alterações significativas» na procura de crédito pelas empresas.
«Todavia, dois bancos reportaram uma ligeira diminuição da procura, por parte das empresas, de financiamento com maturidades contratuais mais alargadas», afirma o mesmo estudo, que por outro lado aponta um «ligeiro aumento da procura de empréstimos ou linhas de crédito a grandes empresas».
O BdP atribui à «redução das necessidades de financiamento de investimento e ao menor recurso ao financiamento para fusões/aquisições e reestruturação empresarial», a quebra na procura de crédito.
Quanto ao crescimento dos pedidos de financiamento por parte de grandes empresas, as razões terão estado no «incremento das necessidades de financiamento para a reestruturação da dívida e para existências e fundo de maneio», diz o supervisor bancário.
Para o segundo trimestre, os bancos apontam para a manutenção das restrições ao crédito, pelo que o Banco de Portugal afirma ser «expectável um ligeiro aumento da restritividade no caso dos empréstimos de longo prazo». Apesar disso, deverá haver um «ligeiro acréscimo na procura de empréstimos por parte de pequenas e médias empresas e de empréstimos a curto prazo».