O Presidente da República disse hoje que o consenso político e social em redor da implementação do acordo de assistência financeira é dos ativos mais importantes que Portugal tem.
«Espero sinceramente, faria tudo o que estivesse ao meu alcance para que esse consenso político e social se mantenha», disse Cavaco Silva aos jornalistas, à margem da inauguração da sede do Núcleo Empresarial de Vagos, questionado sobre o aviso deixado pelo líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, durante a sessão solene comemorativa no 25 de Abril na Assembleia da República, de uma «rutura democrática» por parte do PS face às políticas do Governo.
«Penso que é da maior importância o Governo, partidos da oposição, parceiros sociais, devem dialogar permanentemente e procurar uma concertação que vá ao encontro dos superiores interesses do país», acrescentou o PR.
Questionado sobre se esse diálogo permanente está a ocorrer, Cavaco Silva respondeu que a informação de que dispõe "não é pessimista".
A esse propósito o Chefe de Estado lembrou a reunião, ocorrida há dias, entre o líder da UGT e o Governo, frisando que à saída João Proença fez uma declaração que Cavaco Silva considera «encorajadora».
Durante a sessão solene comemorativa no 25 de Abril na Assembleia da República, o líder parlamentar do PS acusou o Governo de proceder à maior inversão de rumo da História democrática, dizendo que os socialistas estão prontos a romper com quem ousar destruir um caminho que levou décadas a construir.
Numa intervenção dura em relação ao executivo PSD/CDS, o líder parlamentar do PS começou por defender a tese de que «uma revolução democrática precisa de rumo e de memória» para depois lançar um ataque ao Governo.
«Desde há dez meses, em nome de uma agenda ideológica de total submissão aos mercados e aos seus interesses, o Governo tem vindo a proceder à maior inversão de rumo da nossa História democrática, ignorando ao mesmo tempo a nossa memória coletiva», sustentou Carlos Zorrinho.
E adevertiu: «Os maiores adversários de Abril são o saudosismo, o revivalismo ou o reviralho, a estagnação ou o alheamento, a captura ideológica. O PS não desiste. Faremos por isso uma rutura democrática com quem baixar os braços, com quem ousar tentar destruir numa legislatura o que levou décadas a construir», disse, já depois de ter acusado o executivo PSD/CDS de se excluir do diálogo e da procura de consensos políticos.
Hoje, no debate quinzenal com o Governo na Assembleia da República, após acusar o primeiro-ministro de preparar a aprovação do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) nas costas do Parlamento, o secretário-geral do PS, António José Seguro, avisou que os socialistas não assinarão de cruz e que o executivo ficará isolado.
«Esta é a maneira de tratar o Parlamento, esse é o modo de agir para manter o consenso político? Quando o senhor primeiro-ministro escolhe ficar sozinho com o seu Governo, elaborando esse documento sem sequer consultar os partidos, sem sequer consultar o PS, fica cada vez mais isolado. O senhor primeiro-ministro escolheu um caminho, por bem desejo-lhe boa viagem para esse caminho, mas vai sozinho, porque o PS não assina de cruz nenhum documento que entregue em Bruxelas sem ser discutido com o PS», advertiu.