A Associação Nacional de Municípios está contra as decisões do executivo relativas ao poder local, que preveem por exemplo a eliminação de 200 empresas municipais e a redução de dirigentes.
O vice-presidente da Associação Nacional de Municípios, Ribau Esteves, disse à TSF que estas decisões para além de serem uma ingerência no poder local, não resolvem o problema do défice.
«Coloca uma ingerência naquilo que é a autonomia do poder local. Não é por aqui que se resolvem problemas. Relembro que temos câmaras municipais com muitas chefias, que vão ter que reduzir muitas chefias, que são muito bem geridas e que não têm dívidas, por exemplo a Câmara de Almada», assinalou Ribau Esteves.
«A questão é de facto o objetivo da redução de 30 por cento, o dobro do que está no memorando da troika, e a atitude desequilibrada perante a gestão da administração central face à administração local. No Estado, na administração central, nas empresa públicas não temos nota de nada disto e sucedem-se medidas, cortes financeiros, em relação aos municípios que são responsáveis apenas por quatro por cento da nossa dívida pública», lembrou.
Ribau Esteves alertou ainda que com tantos cortes algumas câmaras serão ingovernáveis, sublinhando que algumas autarquias vão passar a ser a mais um problema para os portugueses.
«Este somatório de decisões vai provocar a paragem ou a acentuada redução de atividade da esmagadora maioria dos municípios portugueses. Isto é muito grave e é para isso que queremos chamar a atenção do senhor ministro das Finanças, porque de facto assim vai ter de ser ele a gerir as câmaras municipais e isso vai ter gravíssimos prejuízos para os cidadãos», alertou.
«E em vez de termos um poder local parte da solução do país, vamos ser um novo problema. E é contra isso que a ANMP vai continuar a lutar», assegurou Ribau Esteves.