A propósito da declaração do primeiro-ministro sobre o desemprego, Francisco Louçã falou em «indignidade» e «cinismo», sublinhando que Passos devia ter mais cuidado com o que diz.
Palavras indignas e cínicas é a leitura de Francisco Louçã perante o discurso do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, sobre o desemprego.
«Eu ouvi essa frase e acho que é indignante. Depois de um Governo ter provocado a facilidade dos despedimentos, depois de provocar a facilitação da precariedade, depois de reduzir a indemnização pelos despedimentos, depois de atacar as pessoas de todas as formas ainda lhes diz que a sua desgraça é uma oportunidade para elas», contestou.
Louçã lembrou que há já 800 mil pessoas que não têm direito ao subsidio de desemprego e um milhão que quer trabalhar e não consegue. Por isso, pediu que o primeiro-ministro tenha mais respeito.
«Dizer a essas pessoas que esta economia é uma oportunidade é cinismo, é inaceitável e, sobretudo, falta de respeito. Nestes momentos eu gostava que em Portugal houvesse mais respeito pelas pessoas e que o Governo que atira a pedra do desemprego, depois não escondesse a mão atrás das costas», acrescentou Louça, no final de uma visita ao Hospital de Faro.
O primeiro-ministro apelou hoje aos portugueses para que adotem uma «cultura de risco» e considerou que o desemprego não tem de ser encarado como negativo e pode ser «uma oportunidade para mudar de vida».
Passos Coelho referiu que «estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo».
«Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida, tem de representar uma livre escolha também, uma mobilidade da própria sociedade», afirmou o primeiro-ministro.