Saúde

Escassez de medicamento para doentes de Parkinson

Médicos e a associação que representa os doentes de Parkinson alertam para a escassez de um medicamento essencial. Um neurologista disse à TSF que a situação é «grave».

Um medicamento essencial para os doentes com Parkinson escasseia nas farmácias portuguesas há alguns meses. O Sinemet não tem substituto e os doentes por vezes desesperam para o encontrar.

Médicos e a associação que representa estes doentes disseram à TSF que ainda ninguém ficou sem tomar o medicamento. No entanto, todos são unânimes em falar numa situação preocupante.

João Guimarães é neurologista. Há três meses que todos os dias recebe pelo menos um doente com muitas dificuldades para encontrar o medicamento Sinemet.

«Vejo doentes de muitas partes do país, do Sul ao Norte, e a situação é idêntica em qualquer lado. É uma situação insustentável e perigosa em termos de saúde pública. O prolongamento desta situação ao longo de meses só resulta de uma deficiente perceção da gravidade da situação, senão já teriam sido tomadas medidas», defende.

Os doentes não podem ficar sem este medicamento, fazem tudo para o encontrar. José Vieira, da associação que representa os doentes com Parkinson, explica que o Sinemet nunca esgotou, formalmente, mas as caixas disponíveis são escassas. Alguns têm de ir a Espanha.

A associação de doentes suspeita que as farmacêuticas estão a levar o Sinemet para países com preços mais caros e teme que o fenómeno se repita noutros medicamentos para Parkinson.

Helena Castro Machado, da Associação de Farmácias de Portugal, confirma as dificuldades em encontrar este medicamento e tem uma forte suspeita.

«Para mim só pode ter a ver com a situação de exportação. Não pode ter outra explicação», adianta.

A Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson diz que a situação é insustentável e quer reunir com os responsáveis do Ministério da Saúde.

A TSF pediu esclarecimentos ao laboratório que vende o medicamento. A Merk diz que devido a problemas de produção tem disponibilizado menos embalagens e afirma esperar que a resolução do problema aconteça brevemente.

A TSF tentou também ouvir - sem sucesso - o presidente da Apifarma que representa a indústria farmacêutica.

Redação