O presidente do BPN ao tempo da nacionalização considerou que o Banco de Portugal teve uma «falha grave» ao não detetar o que se passou no BPN e que a Procuradoria-Geral da República deveria ter investigado o caso.
«O BdP teve uma falha de tal modo grave e demorada que deveríamos ter apurado responsabilidades institucionais. E depois a instituição devia chamar pessoas singulares à responsabilidade», disse Miguel Cadilhe na comissão de inquérito parlamentar à nacionalização e reprivatização do BPN, em reposta a questões do deputado comunista Honório Novo.
«Eu não sou jurista, mas penso que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tinha poder de averiguar porque é que a instituição falhou tal flagrantemente e com consequências tão sérias para as finanças públicas e para a credibilidade do sistema financeiro», acrescentou o ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva.
Cadilhe disse que não sabe se o atual Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, terá ainda possibilidade de apurar essas responsabilidades no seio da instituição que lidera.
«Quando coisas tão graves não têm consequências, há qualquer coisa que não está bem na República em Portugal», concluiu.
Miguel Cadilhe foi eleito presidente do grupo SLN/BPN em junho de 2008 e logo em outubro do mesmo ano a sua administração denunciou vários crimes financeiros que, alegadamente, teriam ocorrido ao nível da gestão do banco, envolvendo três quadros superiores.
Numa resposta enviada à TSF a propósito das críticas de Miguel Cadilhe, a PGR disse que na altura, em 2008, não viu motivo para abrir inquerito, sendo por isso que não interveio no caso BPN.