O deputado Ricardo Rodrigues disse que se apoderou dos gravadores de jornalistas da revista Sábado, durante a entrevista de 2010, porque era «o único meio de prova eficaz» da alegada tentativa para «denegrir a sua imagem pública».
Julgado por atentado à liberdade de imprensa e de informação nos Juízos Criminais de Lisboa - o crime de furto caiu -, o deputado socialista alegou que agiu em «ação direta», no «exercício de um direito» e de forma «refletida», depois de perceber que a entrevista estava a desviar-se para assuntos antigos e da sua vida privada, visando com isso «denegrir a sua imagem pública».
O arguido, que na altura pertencia à Comissão Eventual para o Combate à Corrupção, disse que as insinuações começaram com perguntas sobre o facto de ter sido, há 13 anos, advogado de uma mulher acusada de crimes de burla e falsificação, prosseguindo com uma interpretação, que considerou abusiva, de um dos jornalistas sobre o que dissera do engenheiro João Cravinho, admitindo que o que mais o transtornou foi terem abordado o caso de pedofilia em São Miguel, Açores - o chamado "caso Farfalha".
Ricardo Rodrigues lembrou que, apesar de nunca ter tido nada a ver com o caso, os boatos que, no passado, foram postos a circular sobre o seu alegado envolvimento, o levaram a demitir-se do Governo Regional para preservar a imagem do excutivo açoriano e que foi com mágoa que optou, na altura, por viver fora dos Açores.
O deputado socialista, que é advogado de profissão, disse que se apoderou dos gravadores para ter uma «prova» sólida para apresentar ao juiz que viesse a decidir a providência cautelar, que intentou dias depois, sobre a publicação da entrevista, que, como disse, temia que viesse a ser «deturpada».