Portugal

Conselho de Redação do Público acusa Relvas de pressões

Miguel Relvas

O Conselho de Redação do jornal Público acusa o ministro Miguel Relvas de ter feito ameaças a uma jornalista, pressionando-a para não publicar uma notícia relacionada com o caso das secretas.

Segundo o comunicado do Conselho de Redação do jornal Público, o ministro dos Assuntos Parlamentares ameaçou, num telefonema à editora de Política do jornal, apresentar uma queixa à Entidade Reguladora da Comunicação, promover um 'black out' de todos os ministros em relação ao Público e divulgar, na Internet, dados da vida privada da jornalista Maria José Oliveira.

As ameaças foram confirmadas pela editora de política Leonete Botelho, que recebeu a chamada do ministro depois de Maria José Oliveira ter enviado a Relvas questões para uma notícia que desenvolvia o tema das «incongruências» das declarações do governante ao Parlamento.

Os membros eleitos do Conselho de Redação dizem que «as ameaças, cujo único fim era condicionar a publicação de trabalhos incómodos para o ministro, são intoleráveis e revelam um desrespeito inadmissível do governante em relação à atividade jornalística, ao jornal Público e à jornalista Maria José Oliveira».

O Conselho de Redação acrescenta que as ameaças mostram, ainda, uma «grosseira distorção do comportamento de um governante que, ao invés de zelar pela liberdade de imprensa, vale-se de ameaças para tentar travar um órgão de comunicação social que cumpre o seu inalienável papel de contra-poder».

Num segundo momento, o comunicado relata detalhadamente as peripécias que atravessou o processo de decisão no jornal, até se ter optado pela não publicação da notícia em causa, concluindo com criticas também à direção do jornal que, mesmo que os telefonemas do ministro não tenham tido qualquer influência, a não publicação da notícia poderá passar a imagem para o exterior de que o Público vergou-se perante ameaças do número 2' do Governo.

Contactado pela TSF, o gabinete de Miguel Relvas confirmou que foram feitos telefonemas, mas repudia categoricamente as acusações, garantindo que não têm qualquer fundamento.

Por seu turno, fonte oficial da Entidade Reguladora para a Comunicação disse à TSF que o presidente da entidade está a acompanhar pessoalmente o assunto, acrescentando que uma de duas coisas irá acontecer: dar seguimento a uma eventual queixa que seja apresentada ou ela própria irá tomar a iniciativa de abrir uma investigação.

A fonte da ERC revelou ainda que, no início da próxima semana - e consoante avançar o caso - será tomada uma decisão.