A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) admitiu que muitas das corporações podem abandonar o transporte não urgente de doentes, e responsabilizou o Ministério da Saúde pelo «iminente colapso» das associações de bombeiros.
«Esteve em cima da mesa, e foi levantado por alguns dos presidentes de federações, que nós devíamos abandonar totalmente o transporte de doentes não urgentes», disse à agência Lusa o presidente da LBP, Jaime Marta Soares.
A LBP realizou hoje, em Fátima, uma reunião com os presidentes das federações distritais dos bombeiros, para analisarem o novo regime de transporte não urgente de doentes, que deixou de ser exclusivo para as ambulâncias.
Jaime Soares adiantou que uma das questões discutidas na reunião foi o abandono deste tipo de transporte, uma vez que os concursos públicos para a realização deste serviço, previstos no novo regime, e as condições do novo regime levarão «à degradação e à falência das associações de corpos de bombeiros».
Segundo o presidente da LBP, os bombeiros vão procurar «formas de sustentabilidade para que as populações não fiquem ao abandono», mas o «colapso é iminente» e toda as estrutura poderá começar a «desmoronar», porque não fazem só transporte de doentes.
O transporte não urgente de doentes permitia que os bombeiros tivessem «um fundo de maneio, que dava alguns equilíbrios», e muito do pessoal ligado ao setor da saúde também atuava noutras áreas, nomeadamente no combate aos incêndios, disse.
«Isto é uma bola de neve que, de um momento para outro, pode fazer desmoronar muitas das associações e corpos de bombeiros», sustentou Jaime Soares. «Estamos muito preocupados. Foi isso que manifestámos».
A portaria que regula o transporte não urgente de doentes, publicada esta semana em Diário da Republica, cria a figura de veículo de transporte simples de doentes (VTSD), destinado a doentes não urgentes, cuja situação clínica não faz prever a necessidade de cuidados de saúde durante o transporte.