O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, defendeu hoje que o caso envolvendo o jornal Público e o ministro Miguel Relvas «deve ser esclarecido o mais rapidamente possível na Assembleia da República».
«Apoiaremos todas as iniciativas no sentido de ouvir quer o ministro Miguel Relvas quer outras entidades que tenham que ser ouvidas, para esclarecer cabalmente este ponto. Pensamos que ele deve ser esclarecido e deve ser esclarecido o mais rapidamente possível na Assembleia da República», afirmou Bernardino Soares.
O líder da bancada comunista falava durante a apresentação das conclusões das jornadas parlamentares do PCP, que hoje terminaram em Leiria.
O PSD anunciou na segunda-feira que votará contra os pedidos de audição relativos ao caso que envolve o ministro Miguel Relvas e o jornal Público por considerar inoportuno o Parlamento tratar este assunto enquanto decorrerem averiguações na ERC.
Segundo um comunicado conselho de redação do Público divulgado na sexta-feira, o ministro Miguel Relvas ameaçou queixar-se à ERC, promover um "blackout" de todos os ministros a este jornal diário e divulgar na Internet dados da vida privada de uma jornalista, se fosse publicada uma notícia sobre o caso das secretas.
De acordo com o conselho de redação do Público, «as ameaças foram confirmadas pela editora de Política, que recebera um telefonema de Relvas depois de Maria José Oliveira ter enviado ao ministro questões para uma notícia de 'follow-up'» e «foram reiteradas num segundo contacto telefónico».
O gabinete do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, através de um comunicado, considerou essas acusações de «supostas ameaças ou pressões» sobre o Público «totalmente destituídas de fundamento, repudiando-as categoricamente».
A notícia em causa, da autoria de Maria José Oliveira, pretendia evidenciar «as incongruências» das declarações feitas pelo ministro, na terça-feira, no Parlamento, sobre o caso das secretas, mas acabou por não ser publicada.
Através de uma nota, direção do Público justificou a não publicação dessa notícia alegando não existir «matéria publicável» e garantiu ter tomado essa decisão antes de conhecer as ameaças do ministro.
Mais tarde, ainda na sexta-feira, a direção do Público noticiou que Miguel Relvas pedira, nesse dia, desculpa ao jornal, depois de a direção ter feito um protesto por «uma pressão» do governante sobre a jornalista que acompanha o caso das secretas.