Economia

Bankia confirma pedido de resgate recorde

O grupo espanhol BFA-Bankia, já nacionalizado, pediu hoje ao Estado uma ajuda pública de 19 mil milhões de euros para o saneamento das suas contas, no que equivale ao resgate mais caro da história do setor bancário espanhol.

Esse valor, hoje aprovado na reunião do conselho de administração da instituição, soma-se aos 4.465 milhões de euros já injetados na Bankia, elevando assim para 23.465 milhões de euros as necessidades de capital.

Os fundos servirão para cumprir as exigências de provisões para os ativos imobiliários bem como as necessidades de capitais detetadas pela auditora Deloitte, que se recusou a assinar as contas até que os desequilíbrios fossem corrigidos.

Em comunicado enviado à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV), o grupo explica que levará a cabo um «plano de saneamento e recapitalização que o dotará da solvência de acordo com os requisitos regulatórios e com a eventual deterioração do cenário macroeconómico», do qual tem conhecimento o Governo e o Banco de Espanha.

Além dos 19 mil milhões de euros solicitados ao Estado para a BFA, holding do Bankia, a entidade fará um aumento de capital de cerca de 12 mil milhões de euros para a Bankia «com direitos de subscrição preferencial e assegurada na sua totalidade pelo BFA».

«As medidas de recapitalização reforçam a solvência, a liquidez e a solidez do Grupo e permitem que enfrentemos uma nova etapa de desenvolvimento do negócio bancário e avançar na consolidação de um grande marca», disse o presidente do grupo, José Ignacio Goirigolzarri.

Na nota, o grupo explica que em consequência dos novos requisitos de provisões são necessários 8.745 milhões de euros, a que se soma necessidades adicionais de 4.000 milhões de euros para a sua carteira imobiliária.

«No total a entidade destinará a cobrir estes créditos e ativos 12.745,2 milhõs de euros. Deste modo o risco total que a Bankia terá com o setor promotor e imobiliário terá uma cobertura de 48,9 por cento», explica.

A este valor somam-se ainda 5.000 milhões de euros para o resto da carteira de créditos, «adequando-a assim a um eventual cenário económico adverso», o que garante uma cobertura total de 12,6 por cento da sua carteira.

No total pedido ao Estado estão ainda 6.700 milhões de euros para ativos fiscais e para a carteira de participadas.

Recorde-se que a BFA é a holding da Bankia, controlando 45 por cento do capital desta entidade.

O valor do resgate é superior ao que o Governo estimava para todo o sistema financeiro e triplica a estimativa que o ministro da Economia, Luis de Guindos, disse que poderiam ser as necessidades da entidade: entre 7.000 e 7.500 milhões de euros.

O resgate da Bankia é 2,5 vezes superior à soma de todos os restantes já realizados pelo Governo espanhol (entre si um total de 9.404 milhões de euros).

Com o resgate hoje solicitado, o valor total das ajudas públicas à banca espanhola ascendem a 32.869 milhões de euros.

Redação