O Vaticano confirmou hoje oficialmente a detenção e a identidade do mordomo pessoal do papa Bento XVI, um dos presumíveis autores do desvio de documentos confidenciais.
«Confirmo que a pessoa detida na quarta-feira por posse ilegal de documentos confidenciais encontrados na sua residência é Paolo Gabriele, que continua detido», indicou o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, num comunicado.
Vários media italianos tinham identificado o mordomo do papa como o autor das fugas de informações que nos últimos meses abalaram o Vaticano e a hierarquia católica.
«O acusado nomeou dois advogados à sua escolha (...) e pôde reunir-se com eles», indica o comunicado, que assegura que Gabriele beneficiará de «todas as garantias jurídicas previstas pelo código penal e processual em vigor no Estado da Cidade do Vaticano».
«Todos o conhecem no Vaticano, há um sentimento de surpresa e de dor, mas também de grande amizade para com a sua família», disse mais tarde a jornalistas o porta-voz do Vaticano.
A polícia do Vaticano deteve Gabriele na quarta-feira, cerca de um mês depois da criação de uma comissão de inquérito para averiguar a origem das fugas.
No último sábado, foi publicado em Itália o livro "Sua Santita", do jornalista Gialuigi Nuzzi, que reproduz dezenas de documentos ultrassecretos enviados ao papa ou dos quais o papa teve conhecimento.
Esses documentos contêm informações sobre debates internos do Vaticano de questões como a situação fiscal da Igreja, o financiamento dos institutos católicos ou os escândalos sexuais da Legião de Cristo.