Euro 2012

Carlos Queiroz não ficou surpreendido com críticas de Manuel José

Carlos Queiroz dr

O antigo selecionador nacional disse, esta noite, em declarações à TSF, que não ficou surpreendido com as críticas de Manuel José e acrescentou que em 2010, antes do mundial na África do Sul, quiseram fazer da seleção um circo, até lhe propuseram que um dos jogadores fosse escolhido por votação popular.

Apesar de não ter ouvido as críticas de Manuel José a propósito do estágio da seleção nacional, Carlos Queiroz não se mostou surpreendido e lembrou episódios do passado, quando dirigiu o comando técnico da seleção.

O antigo treinador do Benfica e do Sporting, e várias vezes campeão de África com o clube egípcio Al-Ahly, disse que a fase do estágio que decorreu em Portugal foi uma festa e que a seleção se transformou num bigbrother.

Ouvido esta noite pela TSF, Carlos Queiroz, o selecionador que dirigiu Portugal no Mundial de 2010, disse que a tentação de transformar a seleção num espetáculo já não é nova e que compreende por isso compreende o que disse Manuel José.

«Não me surpreende que as declarações do Manuel José possam ter fundamento porque eu próprio me confrontei com uma tentativa, muitas vezes absurda e até ridícula, de transformar a seleção num circo. Por exemplo, uma das iniciativas que me foi proposta antes do mundial era a de eu escolher 22 jogadores e o 23º jogador é escolhido pelo povo, e 'fazemos aqui uma festa gira, jeitosa, pomos a malta toda a votar'», revelou.

O antigo selecionador diz também que foram pressões desse género que acabaram por ditar o seu destino na seleção nacional.

«Quem se opõem em Portugal, como o presidente da federação dizia 'olhe que o senhor está a meter-se com pessoas com muito poder, veja lá o que está a fazer', a determinadas iniciativas, como eu fiz e chamei à atenção que determinadas ações eram prejudiciais à seleção nacional. Mais tarde, foram as pessoas que ele depois me disse 'olhe são as pessoas que têm muita força, muito poder, que agora estão a dizer que senhor tem que se ir embora'», revelou.

«Mas até hoje tenho tentado procurar o doutor Madaíl e o doutor João Rodrigues para me explicarem quem são essas pessoas, mas eles não me querem dizer», concluiu Carlos Queiroz.

Nestas declarações à TSF, Carlos Queiroz admitiu ainda que é preciso respeitar os interesses dos patrocinadores da seleção e também dos meios de comunicação social, mas sublinhou que o selecionador nacional tem igualmente de impedir que eles se sobreponham à equipa e a prejudiquem.